Instaurada pelo Senado Federal em novembro de 2024, a CPI das Bets investiga possíveis irregularidades envolvendo os jogos de apostas online. A comissão tem como foco principal apurar denúncias de lavagem de dinheiro, manipulação de resultados e o papel de influenciadores digitais na divulgação dessas plataformas.
Durante as audiências, diversas personalidades com milhões de seguidores têm sido convocadas para prestar esclarecimentos. Uma das depoentes foi Virginia Fonseca, que compareceu à CPI na última terça-feira (13). Ela negou a existência da chamada “cláusula da desgraça”, segundo a qual o influenciador lucraria mais quanto mais seus seguidores perdessem dinheiro.
Em seu discurso, Virginia desabafou: “Se realmente faz tão mal, proíbe tudo, acaba com tudo”. A fala gerou grande repercussão, ao transferir para o Legislativo a responsabilidade de regular (ou proibir) essas práticas, que vêm se multiplicando pelo país desde a regulamentação das apostas esportivas em 2023.
Riscos das apostas online
As apostas online vêm crescendo de forma alarmante. O problema já extrapolou a questão econômica e se tornou também um desafio de saúde pública e espiritual. Além da fácil acessibilidade, a propaganda é intensa: muitos brasileiros, como relatam usuários, recebem dezenas de mensagens de SMS incentivando diariamente apostas.
Para quem não se atrai, pode parecer apenas um incômodo digital. Mas e aqueles que não têm autocontrole? As plataformas são projetadas para prender o usuário. E, como apontam especialistas, o impacto pode ser devastador – tanto financeiramente quanto emocionalmente.
Em entrevista ao portal Guiame, o psicólogo e teólogo Eliézer Caroliv alertou para o risco das apostas se tornarem um verdadeiro “ídolo”, tomando o lugar de Deus no coração das pessoas. Segundo ele, esse vício tem potencial de destruir famílias, especialmente as mais vulneráveis economicamente.
Reflexão para a Igreja
Caroliv, mestre em ciências da religião, também ressaltou que os cristãos devem manter distância dessas práticas, guiando-se pelos princípios bíblicos que condenam a avareza e a busca desenfreada por riquezas. “A esperança do cristão não deve estar em um clique, mas no Senhor”, destacou.
A responsabilidade também recai sobre pais e líderes religiosos. É preciso educar os filhos sobre o uso responsável da tecnologia e alertar sobre os perigos que se escondem por trás de jogos aparentemente “inofensivos”. A Igreja deve falar claramente sobre isso, com sabedoria e firmeza.
Diante de tantos danos e alertas, a pergunta feita por Virginia Fonseca ressoa com ainda mais força: se faz tanto mal, não seria melhor proibir tudo? A reflexão não é apenas para o Congresso, mas para toda a sociedade – inclusive para nós, cristãos.