Na região de Chiapas, no México, mais de 100 cristãos vivem como deslocados internos desde julho de 2024, quando foram forçados a fugir de suas casas devido à violência de grupos armados. A maioria dessas famílias pertence a comunidades indígenas e foi expulsa após recusar envolvimento com organizações criminosas.
Segundo a missão Portas Abertas, os ataques começaram ainda em janeiro de 2024, quando dois grupos rivais iniciaram uma disputa territorial. Os homens foram convocados à força para se juntar a um dos lados, mas os cristãos preferiram permanecer neutros. Essa decisão foi vista como traição, e os criminosos passaram a persegui-los. “Eles disseram: ‘Se não querem se unir a nós, então devem ir embora’”, relatou Martha*, uma das vítimas.
A situação se agravou com sequestros e ameaças. Mais de 100 pessoas foram levadas para uma escola abandonada e mantidas reféns por nove dias, até que o exército mexicano interveio e evitou uma tragédia maior. No total, mais de 200 pessoas fugiram de suas casas para salvar suas vidas.
Vivendo com quase nada
Grande parte dos cristãos deslocados vive atualmente em condições precárias, em abrigos improvisados ou cômodos vazios, dependendo de doações para sobreviver. Muitos enfrentam a rejeição de proprietários que se recusam a alugar casas a famílias deslocadas, e quando aceitam, cobram valores abusivos.
A Portas Abertas tem atuado ativamente no apoio a essas famílias. Desde agosto de 2024, a missão envia alimentos, roupas, medicamentos e oferece acompanhamento espiritual. Mais de 50 crianças que presenciaram cenas de violência recebem cuidados especiais. Já os adultos, que perderam tudo, seguem firmes na fé, mesmo enfrentando tantas dificuldades.
Casos como o de Mariana*, que deu à luz a um bebê com problema cardíaco após a fuga, expõem a gravidade da situação. “Hoje, eu preciso decidir se compro uma laranja ou guardo o dinheiro para pagar o aluguel”, contou Rosário*, uma das mães deslocadas.
Fé que resiste
Apesar do sofrimento, os cristãos seguem sustentados pela fé em Cristo. “Eles perderam tudo, mas continuam firmes”, relatou uma parceira da missão. Atualmente, cerca de 250 cristãos recebem ajuda da Portas Abertas, mas os recursos são limitados e a necessidade cresce a cada dia.
“Nossos irmãos carregam lembranças dolorosas, mas também um espírito inquebrável”, disse Ana*, uma das missionárias que acompanha de perto a realidade dessas famílias. A expectativa é que mais cristãos ao redor do mundo se unam em oração e apoio prático para que esses irmãos e irmãs em Cristo encontrem refúgio, dignidade e esperança em meio à dor.
*Nomes alterados por segurança.