Pelo menos 20 pessoas morreram e 52 ficaram feridas após um ataque suicida dentro da Igreja Mar Elias, localizada no bairro de Dweila, na região metropolitana de Damasco, capital da Síria. O atentado ocorreu durante uma celebração litúrgica neste domingo (22) e foi confirmado pelo Ministério da Saúde do país.
De acordo com informações da BBC, o agressor entrou na igreja armado, disparou contra os fiéis e, em seguida, detonou um colete explosivo. As autoridades locais informaram que o homem era ligado ao grupo extremista Estado Islâmico (EI), embora o grupo não tenha reivindicado oficialmente a autoria do ataque.
Imagens divulgadas pela Defesa Civil Síria mostram o interior da igreja com o altar danificado, bancos destruídos e sangue espalhado pelo chão. Testemunhas descreveram momentos de pânico e tentativas de impedir o atentado. O local foi isolado e as autoridades iniciaram uma investigação.
Perseguição Intensificada
Este foi o primeiro atentado do tipo em Damasco desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024. O novo presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, líder do grupo islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), declarou publicamente seu compromisso com a proteção das minorias, embora o cenário atual aponte para maior instabilidade.
Desde o início da guerra civil, em 2011, cerca de 80% da população cristã síria deixou o país. Segundo o especialista Dr. Martin Parsons, a ascensão de grupos islâmicos ao poder tem gerado medo entre os cristãos. “Há uma pressão muito grande, e eles temem pelo futuro”, afirmou.
Sob o antigo regime, os cristãos viviam com relativa tolerância e ocupavam cargos no governo. Agora, enfrentam retaliações, especialmente por parte de militantes que os associam ao governo deposto.
Nova Crise
O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou ter recebido relatos graves sobre assassinatos de famílias inteiras na região noroeste do país. Cristãos, alauítas e drusos estão entre os grupos mais afetados, com milhares de pessoas sendo forçadas a deixar suas casas.
Líderes cristãos pedem orações e alertam para o agravamento da perseguição. A Síria ocupa atualmente a 18ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, organizada pela missão Portas Abertas, que monitora os países com maior hostilidade contra cristãos.