Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos.
Gênesis 50:20
Reflexão: O Propósito Secreto do Processo
Vivemos na era do “instantâneo”. Queremos a comida rápida, a conexão de internet veloz, o sucesso da noite para o dia. Aplaudimos o resultado final, a foto no pódio, a linha de chegada. Mas desprezamos a parte mais importante da jornada: o processo. Aqueles longos e invisíveis anos de treino, de sacrifício, de quedas e de persistência. Na vida espiritual, essa aversão ao processo é ainda mais perigosa. Recebemos uma promessa de Deus e esperamos que ela se materialize no dia seguinte. Mas a história de José, um dos maiores heróis da fé, nos ensina que entre a promessa e o propósito, existe um vale inevitável e transformador chamado PROCESSO.
A jornada de fé de quase todos os grandes personagens bíblicos, pode ser dividida em três fases: a Promessa, o Processo e o Propósito.
1. A PROMESSA: O Sonho Divino
A história de José começa com uma promessa clara. Deus lhe deu sonhos que revelavam um futuro de liderança e honra (Gênesis 37). Esta é a fase da empolgação. É quando Deus planta uma semente em nosso coração, nos dá uma palavra, uma visão do que Ele quer fazer através de nós. A fé parece fácil, e o futuro, brilhante. O perigo aqui é nos tornarmos prisioneiros do futuro, perdendo a alegria do presente e nos achando melhores que os outros, como José fez em sua imaturidade.
2. O PROCESSO: O Deserto da Formação
É aqui que a nossa fé é verdadeiramente testada. O caminho de José da promessa ao palácio passou por um poço, pela escravidão na casa de Potifar e por uma prisão injusta. O processo raramente é confortável ou faz sentido aos nossos olhos.
- É um tempo de espera ativa: A espera que vem de Deus não é passiva. Na prisão, José não ficou deitado se lamentando. Ele trabalhou, administrou e serviu com excelência. É no meio do processo que nosso caráter é revelado. Continue trabalhando, continue em movimento, seja fiel onde Deus te colocou agora.
- É um tempo de manter os princípios: Mesmo sendo injustiçado, traído e esquecido, José não abriu mão de seus princípios. Ele fugiu da mulher de Potifar, manteve sua integridade. Ele não foi movido pela fase em que estava, mas por seu temor a Deus. O processo forja o caráter que será necessário para viver o propósito.
- É um tempo de lidar com a solidão: Imagine a cabeça de José. Vendido pelos irmãos, ele poderia ter pensado que até seu pai o havia abandonado, pois ninguém veio resgatá-lo. O processo nos força a encontrar nossa força e companhia somente em Deus. É aqui que precisamos nos conectar com pessoas que nos inspiram e nos lembram das promessas, se as tivermos por perto.
3. O PROPÓSITO: A Perspectiva de Deus
Finalmente, depois de treze anos de processo, o propósito de Deus se cumpre. José se torna governador do Egito. E é aqui que tudo faz sentido. Cada etapa do processo o preparou. A administração na casa de Potifar e na prisão o treinou para administrar uma nação. A injustiça que sofreu o ensinou sobre perdão, capacitando-o a perdoar seus irmãos.
É no final que José consegue verbalizar a verdade que o sustentou, nosso versículo em destaque: “Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem”. Ele entendeu que o que parecia ser sua destruição era, na verdade, a construção do plano de Deus.
Se você recebeu uma promessa de Deus, mas hoje se encontra no deserto do processo, não desanime. Não espere ficar “pronto” para começar a agir. Seja fiel hoje. Deus está te provando no tempo da espera. Confie que Ele já está no seu amanhã e que cada dificuldade, cada injustiça e cada lágrima estão sendo usadas por Ele para te preparar para o propósito extraordinário que Ele tem para sua vida.
Sugestão de Música:
A canção “Deserto”, na voz de Maria Marçal, é um hino que fala diretamente ao coração de quem está atravessando um processo difícil. A letra “Me ensina a esperar por Ti… o deserto não é pra me matar, mas pra me fortalecer” encapsula perfeitamente a jornada de José, que foi fortalecido e preparado em meio ao seu “deserto” pessoal.