Ao final do dia, qual é um dos últimos rituais que fazemos antes de dormir? Trancamos as portas de casa. Verificamos as janelas. Por quê? Porque sabemos que, lá fora, há perigos, e não queremos dar a um ladrão a oportunidade de entrar, roubar e destruir nossa paz. É um ato de vigilância e proteção. No entanto, o apóstolo Paulo nos alerta em Efésios que existe um ladrão muito mais perigoso, que não quer nossos bens materiais, mas nossa alma. E a pergunta que ecoa é: temos sido tão diligentes em trancar as portas da nossa vida espiritual quanto somos com as portas de nossa casa?
A Palavra de Deus é clara: “Não deis lugar ao diabo” (Efésios 4:27). Este comando revela uma verdade crucial sobre a batalha espiritual: o inimigo não arromba a porta de um crente selado pelo Espírito Santo; ele entra pela brecha que nós mesmos deixamos. A santidade prática, portanto, não é um conjunto de regras para nos aprisionar, mas um ato de vigilância para proteger nossa comunhão com Deus e nossa paz. Esta reflexão é baseada em uma ministração de Helena Tannure, e vamos identificar aqui as portas que mais comumente deixamos abertas.
As 6 Portas que Precisamos Trancar
1. A Porta do Pecado Não Confessado
O pecado oculto é como deixar a chave de casa debaixo do tapete. É um convite aberto para a atuação do inimigo. E não falamos apenas de pecados “escandalosos”. A inveja silenciosa, a mentira “social”, a glutonaria, a amargura e o ressentimento são brechas perigosas. Banalizar esses pecados é sentar-se à mesa com o inimigo. A solução é a luz da confissão. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar” (1 João 1:9). A confissão arranca a chave das mãos do diabo e tranca a porta.
2. A Porta da Raiga Mal Resolvida
“Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Efésios 4:26). Deus nos dá um prazo de validade para a raiva. A ira em si não é o problema, mas a raiva não tratada se transforma em amargura e ressentimento, um terreno fértil para a opressão espiritual. Caim é o maior exemplo: sua raiva não resolvida contra a rejeição de sua oferta o levou a assassinar seu irmão. Devemos resolver nossos conflitos com diálogo, perdão e oração antes que o sol se ponha.
3. A Porta da Cobiça e dos Desejos Desenfrados
A queda moral raramente é um penhasco; é uma ladeira escorregadia. Tiago 1 nos ensina que somos tentados pela nossa própria cobiça. O adultério, por exemplo, não começa no ato, mas em pequenas concessões: um olhar prolongado, uma comparação com o cônjuge, uma conversa com segundas intenções. É preciso “frear no início da ladeira”. A vigilância sobre nossos desejos e a decisão de cortá-los pela raiz é uma fechadura essencial.
4. A Porta das Práticas Ocultas
Em uma cultura mística como a nossa, a mistura entre fé cristã e práticas como horóscopo, simpatias, adivinhações e superstições é uma porta perigosíssima. Deuteronômio 18 é explícito ao condenar tais atos como abominação ao Senhor. Nossa fé deve ser exclusiva em Cristo. Buscar orientação, poder ou sorte em qualquer outra fonte é “tomar um cafezinho com o diabo”, abrindo mão da proteção que só a dependência total de Deus oferece.
5. A Porta dos Vícios e da Falta de Domínio Próprio
Provérbios 25:28 nos dá uma imagem poderosa: “Como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio.” Um vício — seja em comida, bebida, internet, pornografia ou compras — derruba nossos muros de proteção. Ele entrega o controle de uma área da nossa vida ao inimigo. O domínio próprio é um fruto do Espírito que precisa ser cultivado diariamente através da rendição a Deus e da disciplina.
6. As Portas dos Sentidos (Olhos, Ouvidos e Boca)
Nossos olhos e ouvidos são os portões de entrada da nossa alma. O que vemos e ouvimos em filmes, músicas e conversas tóxicas alimenta a escuridão ou a luz dentro de nós (Mateus 6:22-23). A pornografia, em especial, é uma porta larga para a destruição de relacionamentos e para a escravidão espiritual. E a nossa boca é um portão de saída. A fofoca, a mentira, a bajulação e as palavras de maldição não apenas ferem os outros, mas abrem portas para a ruína em nossa própria vida, pois “a morte e a vida estão no poder da língua” (Provérbios 18:21).
Deus já fez a parte dEle. Ele nos deu Jesus, o perdão, o Espírito Santo e autoridade. A nossa parte é nos posicionarmos em santidade. É vigiar e orar. É fazer a nossa “faxina” espiritual diária, confessando pecados e trancando cada uma dessas portas. Como disse Helena Tannure: “É melhor ficar vermelho por um instante (na confissão) do que amarelo para o resto da vida (de medo e opressão)”.
e não deem lugar ao Diabo.
Efésios 4:27
Sugestão de Música:
A canção “Santidade” de Aline Barros é um clamor poderoso por uma vida separada para Deus. A letra “Santidade ao Senhor… Eu quero santidade… é o que eu preciso” é a oração de um coração que deseja fechar todas as portas para o pecado e viver em plena comunhão e obediência a Deus.