Observamos uma criança e celebramos cada fase do seu crescimento: os primeiros passos, as primeiras palavras, a crescente independência. Seria estranho e preocupante se, após vinte anos, essa pessoa ainda agisse, falasse e pensasse como uma criança de cinco. Esperamos a maturidade. Na vida espiritual, o princípio é o mesmo, mas muitas vezes nos contentamos com uma fé infantil. O apóstolo Paulo nos desafia em 1 Coríntios 13: “Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino”. A maturidade cristã não é opcional; é o alvo. E ela se manifesta não apenas no que fazemos, mas, crucialmente, no que deixamos de fazer.
A maturidade não é medida pelo tempo de igreja, mas pela transformação do nosso caráter à semelhança de Cristo. É um processo contínuo de abandonar atitudes que não condizem com a nova vida que recebemos. Aqui estão seis “coisas de menino” que um cristão maduro se esforça para deixar para trás.
Sinais de Imaturidade a Serem Abandonados
1. A Intolerância
A fé infantil tende a ser rígida, orgulhosa e impaciente com quem pensa ou age diferente. A maturidade, no entanto, é marcada pela paciência, um fruto do Espírito. O cristão maduro entende que cada pessoa está em um estágio diferente da caminhada e, como nos ensina Efésios 4:2, aprende a “suportar uns aos outros com amor”. Ele não precisa vencer todos os debates teológicos; seu objetivo é promover a unidade e refletir a graça de Cristo, que acolheu a todos.
2. O Pessimismo
Uma criança espiritual se desespera com cada dificuldade, vendo apenas o tamanho do problema. A maturidade, por sua vez, aprende a enxergar com os olhos da fé. Ela não nega a realidade da adversidade, mas se firma na realidade superior da soberania de Deus. O cristão maduro se apega ao “Deus da esperança” (Romanos 15:13), confiando que Ele pode renovar as forças e abrir possibilidades onde a visão humana só enxerga o fracasso.
3. O Rancor
Guardar mágoas e ressentimentos é uma atitude infantil de quem se apega à própria dor. A maturidade cristã nos leva a um lugar de liberdade através do perdão. O crente maduro entende o peso da dívida impagável que lhe foi perdoada por Deus na cruz. Com essa perspectiva, ele encontra a força para liberar perdão aos outros, não porque eles merecem, mas porque ele mesmo recebeu um perdão que não merecia (Efésios 4:32). Ele sabe que o rancor é um veneno que adoece a própria alma.
4. A Hipersensibilidade
A criança espiritual é melindrosa, se ofende com facilidade e vive presa a pequenas críticas e contrariedades. A maturidade nos torna firmes e seguros em nossa identidade em Cristo. O cristão maduro aprende a “ignorar as ofensas”, como diz Provérbios 19:11, pois isso é sua glória. Ele sabe discernir uma correção construtiva de um ataque pessoal e não permite que sua caminhada seja paralisada pelo que os outros pensam ou dizem.
5. A Incredulidade
A fé de uma criança muitas vezes depende de sentimentos e resultados imediatos. Se não “sente” a presença de Deus ou se a resposta da oração demora, a dúvida se instala. A maturidade cristã, no entanto, firma-se na rocha do caráter de Deus, não na areia movediça das emoções. O crente maduro confia nas promessas da Palavra, mesmo quando as circunstâncias dizem o contrário, pois ele sabe que sua fé não se baseia no que ele vê, mas na fidelidade dAquele que nunca falha.
6. A Religiosidade Superficial
A criança espiritual pode se encantar com as aparências, os rituais e as formalidades da religião. A maturidade, porém, anseia por profundidade e essência. O cristão maduro se cansa de uma fé de aparências e busca uma intimidade real e diária com Cristo. Ele compreende a dura advertência de Jesus em Mateus 15:8 sobre aqueles que O honram com os lábios, mas mantêm o coração distante. Para ele, a obediência sincera e o amor genuíno são infinitamente mais importantes do que qualquer ritual vazio.
Ninguém atinge a perfeição da noite para o dia. Mas a jornada da maturidade cristã é um processo constante e intencional de permitir que o Espírito Santo nos molde, nos ensinando a deixar para trás as “coisas de menino” para que possamos refletir, cada vez mais, a imagem do Homem perfeito, Jesus Cristo.
Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
1 Coríntios 13:11
Sugestão de Música:
A canção “Metamorfose” de João Alexandre e Banda é uma analogia poética e poderosa sobre o processo de transformação e crescimento cristão. A letra, que fala sobre deixar o “casulo” e ser transformado, captura perfeitamente a ideia de abandonar as “coisas de menino” para viver a nova vida madura em Cristo.