Crianças e Adolescentes são Alvos de Violência Armada no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, ao menos oito crianças e adolescentes foram vítimas de tiros na região metropolitana. Os dados foram divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado em seu relatório mensal. No mês de agosto, seis jovens perderam a vida, sendo uma criança e cinco adolescentes, e duas ficaram feridas, uma criança e um adolescente. Esses números representam um aumento em relação ao mesmo período do ano passado, quando quatro adolescentes foram mortos e uma criança e dois adolescentes ficaram feridos.
Vítimas de Ações e Operações Policiais
Dos oito casos de vítimas de tiros, quatro aconteceram durante ações ou operações policiais. Um dos casos que chamou atenção foi o de Thiago Menezes Flausino, de apenas 13 anos, que foi morto a tiros na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, no dia 7 de agosto. As investigações apontam que há indícios de que os policiais plantaram uma arma e utilizaram um carro descaracterizado e drones não autorizados. Outro fator que dificulta a identificação do responsável pelo tiro fatal é o fato de que nenhum dos policiais envolvidos na ação utilizava câmeras nas fardas.
Outro caso que chocou a população foi o da menina Eloáh Passos, de apenas 5 anos, que foi atingida por um tiro no peito durante uma manifestação reprimida a tiros por policiais militares. Um dos disparos atingiu a criança, que brincava em seu quarto, enquanto a polícia reprimia a manifestação na localidade conhecida como Cova da Onça, no Dendê.
Além desses casos, também foram registradas outras tragédias, como o assassinato de Kamily Gimenes Silva, de 14 anos, que foi morta a tiros após o ex-cunhado tentar matar sua irmã no morro do São João, no Engenho Novo, zona norte do Rio. E também o caso de Bryan Santos, de 16 anos, que foi morto por uma bala perdida ao tentar proteger uma amiga durante um tiroteio em São Gonçalo.
Chamado para Mudanças
A quantidade alarmante de crianças e adolescentes baleados no Rio de Janeiro tem levado a um questionamento sobre a falta de políticas de segurança efetivas. Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, ressaltou que não é normal que tantas vidas jovens sejam perdidas e pede por mudanças urgentes na sociedade e nas ações do poder público. É necessário que esses números chocantes despertem a atenção de todos e que cobremos por medidas mais eficazes de segurança.
Redução dos Tiroteios
O relatório do Instituto Fogo Cruzado também registrou queda no número de tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro. Foram contabilizados 155 casos em agosto deste ano, uma redução de 54% em relação ao mesmo período do ano anterior, que registrou 338 tiroteios. Dos tiroteios em agosto de 2023, 24,5% ocorreram durante ações e operações policiais, representando uma queda de 69% em relação a agosto de 2022.
Análise dos Números
No mês de agosto, um total de 119 pessoas foram baleadas na região metropolitana do Rio de Janeiro, sendo 65 mortos e 54 feridos. Comparando com agosto de 2022, houve uma queda de 22% nas mortes e 52% nos feridos. Dos baleados, 43% foram atingidos durante ações e operações policiais.
Análise do Acumulado do Ano
No período de janeiro a agosto de 2023, foram registrados 2.156 tiroteios e disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio. Desse total, 799 ocorreram durante ações e operações policiais. Ao todo, 1.382 pessoas foram baleadas nesse período, com 711 mortos e 671 feridos. Comparando com o mesmo período de 2022, houve uma queda de 14% nos tiroteios, aumento de 4% nas mortes e aumento de 2% nos feridos.
Os números alarmantes de crianças e adolescentes baleados no Rio de Janeiro exigem ações imediatas e efetivas por parte das autoridades competentes. É preciso priorizar a segurança dessas vidas jovens e garantir um ambiente livre de violência.
*Com informações da Agência Brasil