A economia criativa e o seu potencial de geração de empregos no Brasil
A economia criativa tem se mostrado um setor promissor para o mercado de trabalho brasileiro. Segundo levantamento realizado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), estima-se que até 2030 serão gerados um milhão de novos empregos nesse segmento, elevando sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) para 3,11%. Atualmente, a economia criativa emprega 7,4 milhões de trabalhadores no país, mas esse número pode chegar a 8,4 milhões nos próximos anos.
O crescimento da economia criativa e sua relação com a inovação
Segundo Márcio Guerra, gerente-executivo do Observatório, esse crescimento está diretamente ligado à necessidade de sobrevivência e inovação na sociedade como um todo, não apenas na indústria. Além disso, a cultura digital impulsionará ainda mais essa demanda nos próximos anos, tornando a produção de conteúdos digitais uma área de destaque nesse setor.
As profissões da economia criativa estão presentes em diversos setores, como empreendedorismo, indústria, serviços e tecnologia. O aumento dos empregos nesse segmento estará fortemente ligado ao desenvolvimento de produtos digitais e à dimensão tecnológica, que promoverão um dinamismo significativo.
Os benefícios e as perspectivas salariais na economia criativa
Uma das vantagens da economia criativa é a valorização e a relevância das profissões relacionadas a esse setor. Segundo o levantamento do observatório, os profissionais da economia criativa possuem uma média salarial 50% maior do que profissionais de outras áreas. Além disso, eles também têm, em média, 1,8 ano a mais de estudo. O salário médio de um profissional da economia criativa é de R$ 4.018, enquanto a média dos demais setores fica em torno de R$ 2.691.
Os setores com salários mais altos na economia criativa incluem produção cultural, desenvolvimento de softwares, design e desenvolvimento de jogos. Essas profissões estão se tornando cada vez mais relevantes em relação aos empregos tradicionais, o que acarretará em um aumento ainda maior nos salários em comparação com a média da economia brasileira.
A distribuição das empresas da economia criativa no Brasil
O estudo realizado pelo observatório revelou que a maioria das empresas da economia criativa está concentrada nas regiões Sudeste (56.222) e Sul (31.643) do país. No entanto, há um movimento interessante nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o número de estabelecimentos do setor também está aumentando. Atualmente, essas regiões possuem 2.939, 16.880 e 9.438 estabelecimentos, respectivamente.
A moda e a tecnologia na economia criativa
Dentre as categorias da economia criativa, a moda é a que reúne o maior número de estabelecimentos, com 45.874 empresas. Em seguida, temos a publicidade e os serviços empresariais (20.871), serviços de tecnologia da informação (11.712), desenvolvimento de softwares e jogos digitais (9.771) e atividades artesanais (8.398). É interessante observar que, atualmente, a tecnologia está transformando até mesmo profissões consideradas manuais, como o artesanato, e aumentando a demanda por profissionais com conhecimentos em softwares.
A utilização de tecnologias como a Inteligência Artificial e a automação na economia criativa tem potencial para acelerar processos criativos e impulsionar o setor. De acordo com o Índice de Desenvolvimento do Potencial da Economia Criativa, as cidades brasileiras com maior potencial de emprego nesse setor são Florianópolis, Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
A importância da política nacional de desenvolvimento da economia criativa
Para fortalecer ainda mais a economia criativa, está sendo discutido no Congresso Nacional o Projeto de Lei 2.732/2022, que propõe a criação da Política Nacional de Desenvolvimento da Economia Criativa. O projeto prevê parcerias entre empresas e universidades para qualificação profissional, investimentos em infraestrutura para os setores criativos e o fortalecimento de ecossistemas de inovação em territórios criativos, entre outras medidas.
Embora o tema seja de extrema importância para o desenvolvimento econômico do país, é provável que essa discussão fique em segundo plano diante das prioridades atuais do governo federal. No entanto, é possível afirmar que, em algum momento, essa regulamentação se tornará uma realidade e contribuirá para o fortalecimento e o crescimento da economia criativa brasileira.
*Com informações da Agência Brasil