Economistas propõem planejamento estratégico após renegociações do Desenrola

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Programa Desenrola: renegociação de dívidas bancárias atende quase 1 milhão de clientes

O programa Desenrola completou um mês de funcionamento, já atendendo cerca de 985 mil clientes e renegociando aproximadamente R$ 8,1 bilhões de dívidas bancárias, de acordo com dados mais recentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Apesar do sucesso da iniciativa, especialistas em economia recomendam cautela aos consumidores que conseguiram limpar o nome.

Falta de educação financeira preocupa estudiosos

Uma das principais críticas em relação à primeira fase do programa é a falta de educação financeira oferecida aos participantes. Nessa fase, as dívidas de até R$ 100 foram retiradas do cadastro negativo e os débitos com instituições financeiras estão sendo refinanciados para aqueles que têm renda de até R$ 20 mil. No entanto, sem um planejamento adequado, os economistas advertem que o alívio financeiro pode ser passageiro, e o consumidor pode voltar a se endividar novamente.

Um ponto de atenção são as dívidas de até R$ 100. Mesmo após a desnegativação, esses débitos continuam existindo e acumulando juros, que têm uma média de 59,9% ao ano no crédito pessoal, de acordo com o Banco Central. Portanto, em um ano e meio, essas dívidas podem chegar ao dobro do valor inicial.

Limpeza do cadastro de inadimplentes

O Desenrola retirou cerca de cinco milhões de registros de dívidas de até R$ 100 dos cadastros negativos até o final de julho. Geralmente, essas dívidas estão relacionadas a contas esquecidas nas instituições financeiras, que continuam acumulando tarifas. Muitos correntistas nem sequer têm conhecimento desses débitos porque não verificam seus extratos com regularidade.

É importante que os consumidores tenham cuidado ao limpar o nome. A primeira providência deve ser quitar as dívidas de pequeno valor o mais rápido possível. Essa é a recomendação do coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira.

Importância do planejamento financeiro

No que diz respeito à Faixa 2 do Desenrola, os especialistas concordam que é essencial que os correntistas façam um planejamento financeiro para não se endividarem novamente após a renegociação.

Os economistas recomendam que, após parcelar as dívidas renegociadas, o ideal é priorizar o pagamento desses compromissos antes de realizar novas compras. Caso a parcela seja muito baixa, permitindo que o consumidor volte a consumir com segurança, é importante que isso seja feito de forma responsável e dentro de um planejamento bem estabelecido.

A ausência de um programa de reeducação financeira é uma das principais críticas ao Desenrola até o momento. Embora alguns bancos estejam promovendo campanhas de esclarecimento por meio de vídeos, essa não é uma condição obrigatória para aderir à renegociação.

A portaria que criou o Desenrola prevê cursos de educação financeira apenas na segunda etapa do programa, que abrange dívidas não bancárias. No entanto, esses cursos não são obrigatórios para aderir aos parcelamentos. Embora promissores, esses cursos devem ser uma oportunidade de aprendizado para os consumidores no controle de suas finanças.

Atenção aos golpes

É importante que os correntistas estejam atentos aos golpes relacionados ao Desenrola. Desde o lançamento do programa, golpistas têm enviado links falsos por e-mail, SMS ou aplicativos de mensagens, oferecendo falsas renegociações. Quem clicar nesses links corre o risco de ter seu celular ou computador hackeado ou de entrar em páginas falsas, onde serão induzidos a realizar transferências de dinheiro para criminosos.

Nessa fase do Desenrola, cabe ao consumidor procurar as instituições financeiras oficialmente para manifestar interesse na renegociação de suas dívidas. Os canais oficiais são aplicativos, sites ou atendimentos presenciais nas agências. Jamais deve-se atender ligações de números desconhecidos ou clicar em links enviados por terceiros.

O Desenrola é um programa passivo, ou seja, a iniciativa de renegociar parte do consumidor. Não existe a iniciativa contrária, de o credor abordar o devedor. A responsabilidade é do devedor em procurar uma das fontes oficiais para a renegociação, enfatiza o professor Gilberto Braga.



*Com informações da Agência Brasil

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Por Redação
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