Juros básicos da economia devem diminuir ainda mais em 2023, segundo instituições financeiras
Após a recente redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, os juros básicos da economia, as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) estão esperando por uma diminuição ainda maior até o final deste ano. A queda acentuada da inflação foi o fator que levou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a cortar os juros pela primeira vez em três anos, reduzindo a Selic de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano. De acordo com as previsões do mercado, espera-se que a taxa básica encerre 2023 em 11,75% ao ano, uma queda em relação à previsão anterior de 12% ao ano.
Expectativas para os próximos anos
As estimativas do Boletim Focus, divulgado pelo BC, indicam que a taxa básica de juros deve continuar caindo nos próximos anos. Para o final de 2024, a previsão é que a Selic fique em 9% ao ano. Já para 2025 e 2026, espera-se que a taxa seja de 8,5% ao ano em ambos os anos.
É importante ressaltar que a última vez em que o BC reduziu a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa foi reduzida de 2,25% para 2% ao ano, como forma de lidar com os impactos econômicos da pandemia de covid-19. Desde então, o Copom elevou a taxa por 12 vezes consecutivas, em resposta ao aumento dos preços de alimentos, energia e combustíveis. A taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas a partir de agosto do ano passado.
O controle da taxa Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Impacto da taxa básica de juros na economia
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que acaba refletindo nos preços, uma vez que os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. No entanto, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na definição dos juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Portanto, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, o que estimula a produção e o consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e impulsionando a atividade econômica.
Inflação dentro das expectativas
No Boletim Focus atual, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que é a inflação oficial do país – permanece em 4,84% para este ano. Para 2024, a projeção é de uma inflação de 3,88%. Quanto a 2025 e 2026, as previsões indicam uma taxa de inflação de 3,5% para ambos os anos.
É importante ressaltar que a previsão para a inflação deste ano está acima do teto da meta estabelecida pelo BC. A meta, definida pelo CMN, é de 3,25% para 2023, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,75% e o limite superior é de 4,75%. Segundo o BC, há uma chance de 61% de a inflação oficial ultrapassar o limite superior da meta em 2023.
Embora a previsão para a inflação de 2024 também esteja acima do centro da meta estabelecida em 3%, ela ainda está dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
No mês de junho, foi observada uma deflação no país, ou seja, uma queda nos preços em comparação com maio. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA ficou negativo em 0,08%. Esta foi a quarta queda consecutiva da inflação desde junho de 2022, quando o índice estava em 11,89%. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulou 3,16%, abaixo dos 3,94% registrados nos 12 meses anteriores.
Projeções para o PIB e câmbio
As instituições financeiras projetam que a economia brasileira crescerá 2,26% neste ano, um aumento em relação à previsão anterior de 2,24%. Para 2024, a expectativa é de um crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Quanto a 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta um crescimento do PIB de 1,9% e 2%, respectivamente.
Em relação à cotação do dólar, a previsão é que a moeda americana termine este ano cotada a R$ 4,90. Já para o final de 2024, a projeção é que o valor do dólar seja de R$ 5,00.
*Com informações da Agência Brasil