Contas externas do Brasil têm saldo negativo menor em agosto, impulsionadas pelo superávit comercial
Segundo os dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (25), as contas externas do Brasil tiveram um saldo negativo de US$ 778 milhões em agosto. Esse resultado representa uma queda considerável em relação ao déficit de US$ 7,016 bilhões registrado no mesmo mês do ano passado. As contas externas são responsáveis por registrar as compras e vendas de mercadorias e serviços, além das transferências de renda com outros países.
Superávit comercial contribui para a redução do déficit nas contas externas
A melhora no saldo negativo das contas externas em agosto é resultado do aumento do superávit comercial, que foi de R$ 5,1 bilhões. Além disso, houve uma diminuição de US$ 869 milhões no déficit em serviços e de US$ 504 milhões no déficit em renda primária.
No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit nas transações correntes foi de US$ 45,223 bilhões, representando 2,21% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Essa cifra é menor do que o déficit de US$ 51,573 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
Em relação ao acumulado do ano, o déficit nas contas externas do Brasil é de US$ 19,459 bilhões, um valor inferior ao saldo negativo de US$ 27,742 bilhões registrado nos primeiros oito meses de 2022.
Resultados da balança comercial e serviços
As exportações de bens alcançaram a marca de US$ 31,432 bilhões em agosto, o que representa um aumento de 0,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já as importações totalizaram US$ 23,814 bilhões, registrando uma queda de 16,8% em comparação a agosto de 2022. Com esses números, a balança comercial apresentou um superávit de US$ 7,618 bilhões em agosto deste ano, contra um saldo positivo de US$ 2,552 bilhões no mesmo mês do ano anterior.
O déficit na conta de serviços, que engloba viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos, entre outros, foi de US$ 2,878 bilhões em agosto, representando uma redução de 23,2% em relação ao mesmo período de 2022. Houve uma diminuição no déficit em transporte e viagens, e um aumento no déficit em aluguel de equipamentos.
No que diz respeito ao transporte, o déficit foi reduzido de US$ 1,985 bilhão em agosto de 2022 para US$ 1,023 bilhão no mês passado, uma queda de 48,5%. Essa melhora se deve principalmente à redução nos gastos com fretes, causada pela queda nos preços internacionais.
Quanto às viagens internacionais, o Brasil vem apresentando uma trajetória de recuperação, porém o déficit ainda está abaixo dos níveis pré-pandemia da Covid-19. As receitas geradas pelas viagens de estrangeiros ao Brasil cresceram 52,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a US$ 657 milhões em agosto. Já as despesas dos brasileiros no exterior aumentaram 21,1%, atingindo US$ 1,272 bilhão. O déficit nessa categoria foi de US$ 615 milhões, próximo ao registrado em agosto de 2022.
No que se refere ao aluguel de equipamentos, as despesas líquidas somaram US$ 794 milhões em agosto deste ano, um aumento de 12,9% em comparação a agosto de 2022.
Rendas e financiamento
O déficit em renda primária, que inclui lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários, foi de US$ 5,642 bilhões em agosto, representando uma redução de 8,2% em relação ao mesmo mês de 2022. É importante ressaltar que essa conta tende a ser deficitária, já que os investimentos estrangeiros no Brasil geram mais remessas de lucros para fora do país do que os investimentos brasileiros no exterior.
As despesas líquidas com juros aumentaram de US$ 1,259 bilhão em agosto de 2022 para US$ 1,781 bilhão no mês passado. Já no caso dos lucros e dividendos associados aos investimentos diretos e em carteira, o déficit foi de US$ 3,891 bilhões em agosto de 2023, uma queda em relação aos US$ 4,897 bilhões registrados no mesmo mês do ano anterior.
A conta de renda secundária, que inclui doações e remessas de dólares sem contrapartida de serviços ou bens, apresentou um superávit de US$ 124 milhões em agosto deste ano, contra um saldo positivo de US$ 326 milhões no mesmo mês de 2022.
No que diz respeito ao financiamento do déficit nas transações correntes, os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) foram menores em agosto de 2023. O montante registrado foi de US$ 4,270 bilhões, em comparação aos US$ 10,014 bilhões registrados no mesmo mês do ano passado.
O total de IDP acumulado em 12 meses foi de US$ 65,918 bilhões em agosto, representando 3,21% do PIB do país. Esse valor é menor do que os US$ 71,663 bilhões registrados no mês anterior e os US$ 64,851 bilhões registrados no mesmo período de 2022.
Quando o Brasil possui um saldo negativo nas contas externas, é necessário buscar investimentos ou empréstimos no exterior para cobrir o déficit. O IDP é considerado a forma mais eficiente de financiamento desse saldo negativo, uma vez que os recursos são aplicados no setor produtivo e tendem a ser investimentos de longo prazo.
Em relação aos investimentos em carteira no mercado interno, houve uma saída líquida de US$ 807 milhões em agosto de 2023. Esse valor é resultado das saídas líquidas de US$ 2,335 bilhões em ações e fundos de investimento, compensadas pelos ingressos líquidos de US$ 1,528 bilhão em títulos de dívida. Nos últimos 12 meses, os investimentos em carteira no mercado interno registraram ingressos líquidos de US$ 11,3 bilhões.
Por fim, o estoque de reservas internacionais do Brasil alcançou US$ 344,177 bilhões em agosto, registrando uma redução de US$ 1,298 bilhão em comparação ao mês anterior.
*Com informações da Agência Brasil