Superávit da balança comercial brasileira atinge o maior valor para meses de agosto
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou nesta sexta-feira (1º) os dados da balança comercial brasileira do mês de agosto. Com um superávit de US$ 9,767 bilhões, o resultado é o melhor já registrado para esse período, representando um aumento de 137,8% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Esse desempenho é atribuído, principalmente, à safra recorde de grãos e à queda nas importações de combustíveis.
Acumulando um superávit de US$ 63,322 bilhões nos primeiros oito meses deste ano, a balança comercial brasileira também alcançou o melhor resultado da série histórica iniciada em 1989. Esse valor já supera o superávit recorde de US$ 61,525 bilhões registrado ao longo de todo o ano de 2021.
Desempenho das exportações e importações
No mês de agosto, as exportações tiveram um crescimento leve, enquanto as importações sofreram uma queda expressiva. O Brasil registrou US$ 31,211 bilhões em vendas para o exterior, o que representa um aumento de apenas 1,4% em relação ao mesmo período de 2022. Já as importações somaram US$ 21,444 bilhões, representando uma queda de 19,6% em comparação com o mesmo critério anterior.
A safra recorde de grãos e o aumento da demanda por minério de ferro contribuíram para a estabilidade do setor de exportações, compensando a queda nos preços de algumas commodities. Por outro lado, a redução no preço do petróleo e seus derivados foi o principal responsável pela queda nas importações.
Embora as commodities tenham alcançado recordes no primeiro semestre do ano passado devido à guerra entre Rússia e Ucrânia, a queda nos últimos meses tem sido significativa. Apesar do aumento do petróleo e de outros produtos em agosto deste ano, os valores ainda estão abaixo do registrado no mesmo período de 2021.
No que diz respeito ao volume das exportações, houve um aumento de 15,8% em relação ao ano anterior, enquanto os preços médios caíram 11,6% em média. Nas importações, a quantidade comprada diminuiu 7,6%, e os preços médios recuaram 11,9%.
Desempenho dos setores
Ao analisar os setores, é possível observar que o desempenho do agronegócio teve maior influência nas exportações. O volume de mercadorias exportadas aumentou 43% em agosto em comparação com o mesmo mês de 2022, enquanto o preço médio caiu 17,5%. Na indústria de transformação, a quantidade exportada cresceu 3,1%, enquanto o preço médio teve uma redução de 5,5%. Já na indústria extrativa, que engloba os setores de mineração e petróleo, o volume de exportações aumentou 23,3%, e os preços médios caíram 19,2%.
Nas exportações do setor agropecuário, os produtos com maior destaque foram o milho não moído (exceto milho doce) com aumento de 10,8%, o café não torrado com aumento de 17,4% e a soja com aumento de 14,8%. É importante destacar que mesmo com um aumento de 3,2% nas exportações de soja, devido à safra recorde, o preço médio desse produto teve uma queda de 20,4%.
No setor extrativo, o minério de ferro teve um aumento de 10,3% nas exportações, seguido pelos minérios de níquel com aumento de 166,2%. Já o petróleo bruto teve uma queda de 6,6% nas exportações. Os preços médios também apresentaram uma redução de 31,2% em relação a agosto do ano passado.
No setor de transformação, os destaques foram para o açúcar e melaços com aumento de 54,4%, os alimentos para animais com aumento de 25,4% e os equipamentos industriais como bombas, centrífugas e compressores com aumento de 136,5%.
Já em relação às importações, houve uma queda significativa em produtos como trigo e centeio com redução de 65%, milho não moído com redução de 37,9% e látex e borracha natural com redução de 42,1%. Na indústria extrativa, os principais recuos foram registrados nas importações de gás natural com redução de 69,9%, carvão não aglomerado com redução de 58% e óleos brutos de petróleo com redução de 5,6%. Na indústria de transformação, as maiores reduções ocorreram nos compostos orgânicos e inorgânicos com redução de 38,2% e nos adubos ou fertilizantes químicos com redução de 45,1%.
É importante destacar que, mesmo com a diminuição das importações de fertilizantes devido à guerra entre Rússia e Ucrânia, a quantidade importada teve um aumento de 26,3% em agosto em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Estimativas do governo
Apesar da queda nos preços das commodities, o governo projeta um saldo positivo recorde de US$ 84,7 bilhões para a balança comercial brasileira, contra a projeção anterior de US$ 84,1 bilhões, feita em abril.
De acordo com o MDIC, as exportações devem diminuir 1,4% este ano, alcançando o valor de US$ 330 bilhões. As estimativas são atualizadas a cada três meses. Já as importações devem recuar 10%, fechando o ano em US$ 245,2 bilhões.
Essas projeções são mais otimistas que as do mercado financeiro, que prevê um superávit de US$ 70,9 bilhões para este ano, de acordo com o Boletim Focus divulgado semanalmente pelo Banco Central.
*Com informações da Agência Brasil