O mundo prende a respiração. Em um piscar de olhos, o que era uma tensão crescente no Oriente Médio explodiu em chamas. Bombardeiros americanos, em uma operação cinematográfica, atingiram o coração do programa nuclear iraniano. Mas isso não é apenas uma notícia de jornal. É o capítulo mais recente de uma história de ódio, medo e alianças que pode redesenhar o mapa do mundo e tocar em pontos sensíveis da fé cristã. Para entender o que está acontecendo, precisamos ir além das manchetes e entrar nos bunkers de Israel, nos corredores do poder e, quem sabe, nas páginas de antigas escrituras.
A Vida Dentro de um Bunker: O Medo Real em Israel
Antes mesmo que os aviões americanos rasgassem os céus do Irã, a vida em Israel já era marcada por um som aterrorizante: o das sirenes de ataque aéreo. Um vídeo recente, que viralizou entre as comunidades, nos dá uma janela para essa realidade. Nele, não vemos generais traçando estratégias, mas uma família simples de Jerusalém correndo para um abrigo subterrâneo, o “miclat”.
A cena é surreal. Uma porta de aço maciço, com mais de 30 centímetros de espessura, se fecha, trancando o mundo lá fora. Lá dentro, a vida tenta seguir. Vizinhos dividem água e petiscos. Crianças, como um garotinho de três anos, já se acostumaram com o ritual. Para elas, o som das sirenes é apenas o sinal para descer e brincar de Barbie ou jogar cartas no chão frio do abrigo, enquanto lá em cima, mísseis balísticos podem estar a caminho.
Esses bunkers são uma fotografia da alma de Israel: uma nação que vive em constante estado de alerta. Equipados com banheiros, filtros de ar contra ataques químicos e biológicos, e um rádio a pilha como único contato com o exterior, eles são a prova de que a ameaça é parte do dia a dia. Em um canto, caixas empoeiradas de máscaras de gás, guardadas desde a Guerra do Golfo, nos anos 90, são um lembrete silencioso de que o medo nunca foi embora de verdade.
Quem vive ali sabe: a guerra contra o Irã não começou hoje. É uma luta pela própria existência que teve início em 1979, com a Revolução Islâmica. Naquele ano, um novo regime assumiu o poder em Teerã com um objetivo claro e declarado: varrer Israel do mapa. Essa perspectiva, contada de dentro de um refúgio de concreto, nos ajuda a entender a profundidade de um ódio que, agora, arrastou a maior potência militar do planeta para o centro do conflito.
Mas Afinal, por que Irã e Israel se Odeiam Tanto?
Pode parecer inacreditável, mas Irã e Israel já foram grandes amigos. Antes de 1979, sob o governo do Xá Reza Pahlavi, os dois países eram parceiros próximos. Havia voos diários entre Tel Aviv e Teerã, um comércio vibrante e uma próspera comunidade judaica vivia em paz no Irã.
A Revolução Islâmica, liderada pelo Aiatolá Khomeini, virou essa página da história de forma brutal. O novo governo teocrático reescreveu sua política externa com base em dois grandes inimigos: o “Grande Satã”, como passaram a chamar os Estados Unidos, e o “pequeno Satã”, o rótulo dado a Israel. A briga, portanto, não é por terras ou fronteiras. É uma guerra ideológica e espiritual. O regime iraniano passou a ver a existência de um Estado judeu como uma ofensa ao Islã, e sua destruição se tornou uma meta sagrada.
E isso nunca foi só um discurso. Por mais de 40 anos, o Irã agiu. A estratégia foi engenhosa e mortal: em vez de atacar Israel diretamente, o que causaria uma guerra devastadora, Teerã criou uma rede de grupos armados, seus “procuradores”, em volta de Israel. Financiou, treinou e armou milícias por todo o Oriente Médio, unidas pelo mesmo objetivo. Grupos como o Hezbollah no Líbano, o Hamas e a Jihad Islâmica nos territórios palestinos, e outras milícias na Síria e no Iraque se tornaram os braços armados do Irã, cercando Israel com um verdadeiro anel de fogo. Os milhares de foguetes que caem sobre cidades israelenses? A maioria tem o dedo, o dinheiro e a tecnologia do Irã.
Para Israel, a conta é simples: um inimigo que prega abertamente sua aniquilação, que desenvolve um programa nuclear capaz de criar a bomba atômica e que financia terroristas em suas fronteiras é uma ameaça existencial. Uma ameaça que precisava ser contida a qualquer custo.
Os Amigos do Inimigo: Quem Está do Lado do Irã?
O Irã não está sozinho nessa cruzada. Para manter sua guerra ideológica e militar, Teerã construiu uma teia complexa de alianças, tanto com outras nações quanto com grupos não-estatais, formando o que eles chamam de “Eixo da Resistência”.
Entre os países, a Síria é a aliada mais fiel. O regime de Bashar al-Assad sobreviveu à sangrenta guerra civil síria graças ao apoio massivo do Irã. Em troca, a Síria oferece uma ponte terrestre para o Irã armar o Hezbollah no Líbano e uma base de operações bem na fronteira com Israel.
A Rússia se tornou uma parceira estratégica, unida ao Irã pela oposição aos Estados Unidos. Recentemente, essa amizade ficou ainda mais forte: o Irã forneceu drones para a Rússia usar na guerra da Ucrânia e, em troca, espera receber caças e sistemas de defesa aérea de última geração. A China é a parceira econômica, comprando o petróleo iraniano e garantindo proteção diplomática na ONU. E, embora de forma mais secreta, a Coreia do Norte colabora no desenvolvimento de mísseis e tecnologia nuclear.
Mas a força mais visível do Irã está na sua rede de grupos armados. O Hezbollah, no Líbano, é a joia da coroa. Criado pela própria Guarda Revolucionária do Irã, hoje é a força mais poderosa do Líbano e o grupo não-estatal mais bem armado do mundo. Seu arsenal de mísseis é a maior ameaça direta a Israel. O Hamas e a Jihad Islâmica, embora sejam muçulmanos sunitas (diferente do Irã, que é xiita), recebem dinheiro e armas por terem um inimigo em comum. Os rebeldes Houthis, no Iêmen, expandiram a influência iraniana para o Mar Vermelho, atacando navios e lançando mísseis de longa distância contra Israel.
Por que os EUA Defendem Israel com Tanta Força?
A política americana para o Oriente Médio parece um espelho da iraniana: apoio incondicional a Israel e hostilidade total ao regime de Teerã. Mas por quê?
A defesa de Israel é um dos pilares da política externa dos EUA. Estrategicamente, Israel é um aliado forte e confiável em uma das regiões mais instáveis do mundo. A cooperação militar é profunda, com bilhões de dólares em ajuda anual e acesso às armas mais avançadas para garantir que Israel mantenha sua “vantagem militar” sobre os vizinhos.
Mas há também um fator crucial, especialmente relevante para nós, cristãos: a forte base evangélica americana. Para milhões de cristãos evangélicos nos EUA, o apoio a Israel não é apenas político, é uma questão de fé. Eles veem o renascimento do Estado de Israel em 1948 como o cumprimento de profecias bíblicas e acreditam que a nação tem um papel central nos eventos do fim dos tempos. Esse apoio maciço se traduz em uma pressão política gigantesca em Washington, garantindo que nenhum governo ouse abandonar Israel.
Do outro lado, o ódio ao Irã é uma ferida aberta desde 1979, quando estudantes islâmicos invadiram a embaixada americana em Teerã e fizeram 52 americanos reféns por 444 dias. O episódio traumatizou a América. Desde então, a política tem sido de contenção, buscando impedir que o Irã se torne uma potência nuclear, combater seu apoio a grupos terroristas e proteger os aliados na região. Defender Israel e se opor ao Irã são, para os EUA, duas faces da mesma moeda.
A Noite em que o Mundo Mudou: O Ataque Americano
E assim chegamos à madrugada de 22 de junho de 2025. A “Operação Martelo da Meia-Noite”, como foi batizada, foi um golpe direto e devastador. Bombardeiros B-2, invisíveis a radares, voaram milhares de quilômetros e lançaram bombas superpotentes, projetadas para destruir alvos subterrâneos. Os alvos: as instalações nucleares de Fordo (construída debaixo de uma montanha), Natanz e Isfahan.
O governo americano justificou a ação como “defensiva e preventiva”, afirmando ter provas de que o Irã estava a poucas semanas de ter material suficiente para construir sua primeira bomba nuclear. Segundo o Pentágono, a operação foi cirúrgica, focada apenas na infraestrutura nuclear, e todas as medidas foram tomadas para evitar a morte de civis. Informações indicam que o Irã pode ter evacuado o pessoal das instalações horas antes, evitando um massacre.
Agora, o Oriente Médio está à beira do abismo. O ataque direto dos EUA, uma linha vermelha que nunca havia sido cruzada dessa maneira, mudou as regras do jogo. A resposta do Irã, seja com seus próprios mísseis ou através de seus aliados, dirá se estamos caminhando para uma guerra regional total. Do medo de uma família em um bunker em Jerusalém à fúria de uma superpotência em Washington, o palco está montado para um confronto de proporções históricas e, para muitos, proféticas. O futuro nunca foi tão incerto.