Recentemente, um ataque devastador atingiu a vila predominantemente cristã de Ayati, localizada no condado de Ukum, no estado de Benue, Nigéria. O ataque, que resultou na morte de pelo menos 50 cristãos, foi realizado por pastores Fulani em colaboração com uma gangue criminosa local. Segundo relatos de testemunhas, o ataque começou por volta das 17h, espalhando terror e destruição na comunidade.
Moradores locais, como Tivta Samuel, relataram o ocorrido, informando que as “milícias de pastores Fulani” foram responsáveis pela tragédia. Outro morador, Abraham Waroh, corroborou essa informação, confirmando a participação dos pastores Fulani no massacre. Acredita-se que a motivação para o ataque esteja relacionada a um esquema de venda ilegal de terras pertencentes a fazendeiros da vila para esses pastores.
Conflito por terras
Shima Ayati, ex-candidato a governador e morador da área, explicou que os fazendeiros haviam reclamado às autoridades sobre o uso indevido de suas terras, vendidas ilegalmente. Em resposta, o governo local enviou uma equipe de segurança que expulsou os pastores e destruiu suas tendas, o que gerou revolta entre eles. Essa reação culminou no massacre, segundo Ayati, que ainda descreveu o cenário de terror que tomou conta da vila.
A violência em Ayati não foi um caso isolado. Em 21 de julho de 2024, pastores Fulani armados atacaram a comunidade de Sankera, matando dois adultos e uma criança de seis anos. Apenas algumas semanas antes, em 3 de julho, outras aldeias cristãs em Ayati e Borikyo foram alvos de ataques semelhantes, resultando na morte de 11 cristãos. Esses incidentes evidenciam a intensificação dos conflitos na região, onde vilas cristãs têm sido atacadas sistematicamente.
Perseguição na Nigéria
A porta-voz do Comando de Polícia do Estado de Benue, Catherine Anene, confirmou o ataque à vila de Ayati, mas afirmou que ainda aguardava mais informações detalhadas. Ela reconheceu que atividades criminosas têm sido relatadas frequentemente nas áreas de Ukum, Logo e Kastina-Ala, e garantiu que as forças de segurança foram mobilizadas para lidar com a situação.
A Nigéria, segundo o relatório World Watch List de 2024 da Open Doors, continua a ser o país mais perigoso do mundo para cristãos. Entre outubro de 2022 e setembro de 2023, foram registradas 4.118 mortes de cristãos devido a sua fé. Além disso, o país lidera em número de sequestros de cristãos, com 3.300 casos relatados no mesmo período.
Segundo o Gospel Prime, líderes cristãos nigerianos acreditam que os ataques realizados pelos pastores Fulani fazem parte de uma estratégia maior de tomada de terras e imposição do islamismo na região do Cinturão Médio do país. O Grupo Parlamentar Multipartidário do Reino Unido para a Liberdade ou Crença Internacional (APPG) destacou em seu relatório de 2020 que parte dos Fulani adotou uma ideologia islâmica radical, semelhante à do Boko Haram e do ISWAP, visando atacar cristãos e símbolos da fé cristã.