Uma nova onda de ataques na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, reacende o alerta sobre a violência extremista na região. A ofensiva, atribuída ao grupo Ahlu Sunnah wa Jama’ah (conhecido como “al-Shabaab” local), ocorreu no início do mês na vila de Napala, distrito de Chiúre.
Conforme a organização Portas Abertas, ao menos 20 cristãos foram mortos e cerca de 1.300 casas, além de duas igrejas, foram destruídas. Relatos locais indicam que a comunidade cristã foi alvo direto, e um pastor lamentou a morte de “quatro irmãs idosas que foram amarradas e queimadas numa casa”.
A vulnerabilidade da região aumentou com a retirada das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas, o que facilitou a destruição em larga escala e o deslocamento de cerca de 2.000 fiéis. Fontes locais criticam a resposta do governo e as restrições à divulgação de informações na área de conflito.
O relatório da Portas Abertas menciona que uma facção do Estado Islâmico (ISIS) tem circulado um boletim na África direcionado aos cristãos, dando três opções: conversão, pagamento de imposto (jizya) ou enfrentar “morte e expulsão”. Cabo Delgado é palco de conflitos desde 2017, impulsionados por interesses econômicos e pela crescente ligação de grupos locais com o ISIS.