Quatro pessoas foram decapitadas pelo grupo Boko Haram na cidade de Ngoshe, no nordeste da Nigéria. As execuções foram gravadas e o vídeo de seis minutos compartilhados na semana passada. Um dos mortos era um membro da Cruz Vermelha. Acredita-se que esses reféns estavam entre os 15 capturados durante um ataque a Gwoza em primeiro de outubro.
Os dois jihadistas que apareceram no vídeo falavam em hausa e justificaram os assassinatos como uma retaliação às mortes de integrantes do Boko Haram na semana anterior. “Eles mataram nossos mais velhos, mataram nossas crianças, não há nada de mal que eles não tenham feito a nós. Mas hoje, veja como Alá nos ajudou, colocamos nossas vidas e recursos em risco para garantir que pratiquemos nossa religião. Fomos confrontá-los. Matamos alguns e capturamos eles, incluindo mulheres e idosos”, justificou um dos extremistas.
Ensinamentos do Islã
Além disso, o jihadista decapitou a irmã mais nova sob a justificativa dela ser uma infiel: “Mesmo que seja minha mãe que vá contra nossa religião, pela graça especial de Alá, nós a aniquilaremos. Na verdade, mesmo que seja um filho meu que vá contra esta religião, farei justiça”.
Consoante o militante, outras mulheres foram poupadas da morte: “As outras duas mulheres retornarão às suas aldeias pela benevolência de nossos corações, nós as doutrinaremos nos ensinamentos do islã”. O jihadista também criticou os ataques aos extremistas mais experientes: “vocês são os tolos que matam nossos mais velhos, nós não matamos mais velhos e pessoas de cabelos grisalhos no islamismo”.
Durante a gravação, os radicais islâmicos anunciaram “Sheikh Abu Sumaiyya” como novo líder e prometeram “reacender as hostilidades” que deram fama ao Boko Haram.
Deslocados como alvos
Comunidades inteiras foram destruídas pela ação de grupos extremistas islâmicos como o Boko Haram. Além de mortes de 35 mil civis, os ataques obrigaram o deslocamento de dois milhões de pessoas na região, garantem os dados da ONU.
Conforme o relatório da Portas Abertas, “No Road Home”, o deslocamento em massa dos seguidores de Jesus é uma combinação entre ataques às comunidades cristãs e a falha do governo em protegê-las. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) divulgou que havia 1.711.481 deslocados internos apenas no estado de Borno em dezembro de 2023. Cerca de 74% dessas pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas e comunidades antes de 2021 e 68% delas já se deslocaram duas vezes ou mais.
John Samuel*, especialista jurídico da Portas Abertas para a África Subsaariana, explicou que o governo do estado de Borno pressionou, doou pacotes de alimentos e dinheiro para que às pessoas retornassem às suas comunidades. Porém, os cristãos se recusaram a voltar temendo à insegurança e violência dos extremistas, porque alguns que retornaram foram atacados e precisaram fugir novamente.
Guerra Santa
“Os extremistas do Boko Haram disseram claramente, repetidas vezes, que estão travando uma jihad (guerra santa) contra pessoas que eles chamam de ‘infiéis’ – ou seja, qualquer um que não concorde com sua interpretação extrema do islamismo. Algumas das pessoas no topo desta lista, então, são cristãos que são alvos claros devido a sua fé”, finaliza Samuel.
A Nigéria é o país mais mortal para os cristãos com 4.118 casos do total de 4.998 assassinatos dos seguidores de Jesus ao redor do mundo. Os sobreviventes precisaram fugir e agora lutam para ter o que comer, onde morar e superar os traumas. Os dados são da Lista Mundial da Perseguição 2024 (LMP), documento editado anualmente pela Portas Abertas e classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos. A Nigéria ocupa a 6ª colocação na LMP 2024.
Assine a petição pela Nigéria
Você pode agir em favor de cristãos na Nigéria ao assinar a petição global que pede pelo fim da violência no país e em toda a África Subsaariana. Assine o documento e deixe uma mensagem de encorajamento aos irmãos na fé que enfrentam violência extrema por seguirem a Jesus.
Pedidos de oração
⦁ Interceda pelo consolo e cura emocional dos familiares e amigos das pessoas executadas.
⦁ Clame por proteção e suprimento das necessidades dos deslocados na Nigéria e em toda a África Subsaariana.
⦁ Ore para que os governantes tenham sabedoria e ousadia para combater grupos extremistas como o Boko Haram.