Recentemente, um evento religioso realizado na cidade de Monfalcone, no nordeste da Itália, causou controvérsias entre políticos e líderes religiosos. Cerca de quatro mil muçulmanos se reuniram para celebrar a Festa do Sacrifício em um espaço cedido pela Igreja Católica: o Santuário Marcelliana. O gesto foi considerado uma abertura ao diálogo inter-religioso, mas a celebração gerou polêmica ao circular nas redes sociais uma imagem em que uma estátua de Jesus, presente no local, aparece coberta por um pano.
A foto, que mostra os participantes orando enquanto entoavam “Allahu Akbar” (“Deus é grande”, em árabe), levantou críticas de que o ato seria desrespeitoso ao espaço cristão. O Santuário havia sido disponibilizado devido à falta de espaços adequados para as orações coletivas da comunidade islâmica local.
Autoridades e líderes criticam
Entre os que mais criticaram o episódio está a ex-prefeita de Monfalcone, Anna Cisint, representante da Liga Norte. Ela classificou o ato como “grave e inaceitável”, defendendo que o cristianismo está sendo silenciado em seu próprio território. “Devemos trazer as pessoas de volta às igrejas, e não as entregar ao Islã”, afirmou. Anna ainda responsabilizou parte do clero católico por permitir o que chamou de “declínio da civilização cristã”.
O deputado Rossano Sasso, do mesmo partido, também se manifestou: “Isto não é diálogo, é submissão. Submissão a uma religião que nos considera infiéis e inferiores”. Ambos os políticos reforçaram a necessidade de regulamentar a prática do Islã na Itália, por meio de um acordo formal com o Estado italiano.
Debate sobre identidade e fé
Segundo o il Giornale, o bispo local, Dom Flavio, declarou à emissora RAI que ninguém deveria ter coberto a estátua de Jesus, mas destacou que continua apurando a veracidade da imagem divulgada. Enquanto isso, a reação nas redes sociais foi intensa. A jornalista judia Alessandra Chianelli escreveu que o ocorrido simboliza o “cristianismo silenciado” e criticou o que chamou de capitulação cultural diante do multiculturalismo.
Para ela, esconder símbolos cristãos em nome da tolerância pode levar ao apagamento da identidade europeia. O caso reacendeu o debate sobre os limites do diálogo inter-religioso, liberdade de culto e preservação das raízes cristãs da Europa.