Revolta e tristeza na comunidade do Dendê após morte de criança e adolescente
A morte de uma menina de 5 anos de idade e de um adolescente de 17 na manhã deste sábado (12), na comunidade do Dendê, no Rio de Janeiro, causou revolta e tristeza entre os moradores locais. A associação de moradores afirma que esses episódios estão relacionados à participação de policiais militares na comunidade. No final da tarde, a Polícia Militar (PM) anunciou o afastamento do comandante do 17° Batalhão da PM localizado na Ilha do Governador, zona norte da cidade.
O primeiro episódio: a morte do adolescente
Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Dendê, Roberto Santos, o primeiro episódio foi a morte do adolescente que, segundo relatos, não teria obedecido à abordagem policial. “Os moradores desceram para a entrada da comunidade para protestar contra a morte do rapaz. Logo em seguida, várias viaturas passaram e um dos policiais disparou um tiro para o alto, que acabou atravessando a janela e atingindo a criança dentro de casa”, disse o presidente da associação. O adolescente completaria 18 anos na próxima segunda-feira (14).
A busca por justiça
Roberto Santos afirmou que a associação está se organizando para buscar justiça. “Estamos nos unindo a outras comunidades para buscar justiça. Semanalmente, pessoas que não têm envolvimento com crimes estão morrendo. Vamos tentar resolver por meio da Justiça”, afirmou Santos.
A versão da Polícia Militar
Em nota, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que o episódio inicial com o adolescente ocorreu depois de uma abordagem de “dois homens na Ilha do Governador, onde o ocupante carregava uma pistola na cintura”. A nota alega que, de acordo com os policiais que atuaram na ação, o rapaz teria disparado contra os militares e houve troca de tiros.
Em relação à morte da menina, a nota da PM argumenta que os militares foram atacados a tiros disparados do interior da comunidade. “Manifestantes que bloqueavam as vias nas proximidades jogaram pedras contra viaturas e equipes policiais, além de terem incendiado um ônibus na Rua Paranapuã.”
A PM informou que um procedimento apuratório foi instaurado para investigar as ações e que a corregedoria da corporação acompanha o caso. As imagens captadas pelas câmeras corporais dos policiais serão disponibilizadas para auxiliar nas investigações.
Investigação em andamento
A Polícia Civil também iniciou a investigação das mortes da menina e do adolescente. “Os agentes estão em busca de testemunhas e outras informações para esclarecer os fatos”, divulgou a instituição em nota.
A ONG Rio de Paz repudiou mais esse episódio de violência por parte da Polícia Militar. “A casa deveria ser o lugar mais seguro, especialmente para uma criança. Mas não para essa menina de 5 anos”, escreveu a ONG em uma rede social.
Em um vídeo enviado à Agência Brasil, o fundador da ONG, Antônio Carlos Costa, avaliou que há uma obsessão por parte da polícia pela morte de criminosos em detrimento da segurança da população. “Em que cidade de uma nação livre e desenvolvida crianças são sistematicamente mortas por balas perdidas em confrontos entre policiais e bandidos?”
*Com informações da Agência Brasil