Policiais baleados em Santos: um agente morto e outro ferido
Na manhã desta quarta-feira (7), dois policiais foram baleados em Santos, no litoral paulista. Segundo a Polícia Militar, um dos agentes morreu e outro foi submetido a cirurgia. A corporação ainda apura as circunstâncias do crime.
Operação Escudo e a sequência de mortes na Baixada Santista
A região da Baixada Santista está sendo palco de confrontos desde a última sexta-feira (2), quando foi lançada uma nova fase da Operação Escudo, como resposta à morte do policial militar Samuel Wesley Cosmo em Santos. De sexta-feira a domingo (4), ações da PM na região deixaram sete mortos.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP), foram registradas sete ocorrências com confronto ao longo dos três dias. Em uma delas, na Vila dos Criadores, em Santos, três pessoas foram mortas. As outras mortes aconteceram em quatro situações em que os policiais relataram trocas de tiros.
Confrontos com criminosos
Para Rafael Rocha, coordenador do Instituto Sou da Paz, a estratégia de confronto adotada pelas autoridades tende a piorar a situação. “Essa lógica do confronto, de combater o crime organizado com saturação, gera mais mortes, como vimos na Operação Escudo do ano passado”, destacou em entrevista à TV Brasil.
A primeira Operação Escudo, lançada no ano passado, resultou na morte de 28 pessoas em 40 dias, após a morte de um soldado das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), em Guarujá.
Impacto nas mortes de policiais
Rocha aponta que essa estratégia tem contribuído para o aumento das mortes não apenas de civis, mas também de policiais. Em todo o estado, as mortes por policiais militares em serviço aumentaram 38% em 2023, passando de 256 no ano anterior para 353. Na Baixada Santista, as mortes causadas pela Polícia Militar mais do que dobraram.
Declarações polêmicas do secretário de Segurança
O secretário de Segurança, Guilherme Derrite, tem sido criticado por suas declarações que transformam a resposta à morte de policiais em uma operação de vingança. “É um momento onde os policiais são incentivados a vingar a morte do seu colega”, enfatiza Rocha. “Uma coisa é o policial estar frustrado, estar em luto, outra coisa é o secretário, é o comando da polícia militar, é o governador autorizarem uma matança. E é isso que a gente tem visto toda vez que morre um policial em serviço na Baixada”.
Ouvidoria e investimentos em inteligência
Rocha defende que sejam feitos investimentos em inteligência que afetem a estrutura financeira das organizações criminosas. Porém, segundo ele, o governo estadual tem buscado capitalizar politicamente com as ações policiais em vez de buscar alternativas mais eficazes e menos violentas.
Resposta da Ouvidoria das Polícias de São Paulo
A Ouvidoria das Polícias de São Paulo também se manifestou contra os riscos de uma resposta violenta aos crimes contra policiais. “Respostas acaloradas com tons de vingança em nada contribuem para a sensação de aumento de segurança, antes o seu contrário, com prejuízos e perdas irreparáveis para todos”, afirmou o ouvidor Cláudio Silva em nota divulgada nessa terça-feira (6).
O ouvidor informou ainda que acompanha a situação e que todas as mortes decorrentes de intervenção policial serão alvos de procedimentos de ouvidoria e por ela acompanhadas em todo o processo, com a solicitação de imagens, elementos probatórios e laudos periciais.
*Com informações da Agência Brasil