No último domingo, mulheres afegãs foram impedidas de participar das reuniões de alto nível entre o Talibã e líderes das Nações Unidas, além de enviados especiais para o Afeganistão, realizadas no Catar. A exclusão foi uma condição imposta pelo Talibã para sua presença nas discussões, suscitando críticas de diversas organizações de direitos humanos e figuras públicas.
Jason Howk, diretor do Global Friends of Afghanistan, criticou duramente a decisão, afirmando: “A constante submissão da comunidade diplomática às exigências terroristas apenas reforça a visão do Talibã. Mulheres e meninas no Afeganistão vivem em uma prisão ao ar livre e são tratadas como menos que humanas.”
As reuniões focaram em temas cruciais como o crescimento do setor privado, restrições financeiras e bancárias, e tráfico de drogas, conforme a Associated Press. Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, liderou a delegação do grupo afegão. Após as reuniões com o Talibã, os enviados especiais se reuniram com mulheres afegãs e membros da sociedade civil, embora essas reuniões tenham sido separadas e sem a presença do Talibã.
Direito das Mulheres
Jose Luis Diaz, porta-voz da ONU, garantiu que os direitos das mulheres e meninas seriam levantados em todas as discussões com o Talibã. No entanto, não ficou claro se os delegados abordariam especificamente as repressivas leis do Talibã, como a obrigatoriedade do uso do véu e a proibição da educação para meninas após a sexta série.
O Representante Especial para o Afeganistão, Tom West, e a Enviada Especial para Mulheres, Meninas e Direitos Humanos Afegãos, Rina Amiri, participaram das reuniões. O Talibã, por sua vez, afirmou que não discutiria questões relacionadas às mulheres e que essas questões devem ser tratadas localmente dentro da estrutura da Sharia Islâmica.
Restrições Severas
Segundo o Gospel Prime, desde a imposição da lei Sharia em novembro de 2022, as mulheres afegãs enfrentam severas restrições e violência. Relatos de estupros em prisões do Talibã e outros abusos são frequentes. Roza Otunbayeva, Representante Especial da ONU para o Afeganistão, mencionou que a questão das mulheres pode ser abordada indiretamente por meio de discussões sobre a indústria privada e política antinarcóticos.
O jornalista Lynne O’Donnell e outros críticos afirmam que a comunidade internacional está em conluio com o Talibã, ignorando os abusos contra mulheres para manter negociações diplomáticas. Bill Roggio, da Foundation for Defense of Democracies, alerta que o Talibã é um grupo organizado e sofisticado, que continua unido na opressão às mulheres.