A importância da vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) para crianças e adolescentes ainda é um desafio no Brasil. Mesmo estando disponível gratuitamente desde 2014, os números de imunização ainda estão muito abaixo do necessário. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), apenas 37% dos adolescentes do sexo masculino receberam a vacina em 2021, enquanto a meta do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é imunizar 80% desse público-alvo.
A imunização contra o HPV na adolescência é crucial devido à sua associação com câncer. Alguns tipos do vírus são altamente cancerígenos, e a proteção da vacina é mais eficaz quando administrada antes do início da vida sexual, já que o HPV é uma infecção sexualmente transmissível (IST). Além disso, a vacinação é considerada a forma mais eficaz de prevenção, visto que o vírus pode ser transmitido mesmo com o uso de preservativo.
O HPV é mais associado ao câncer do que outros agentes infecciosos conhecidos, como os vírus da Hepatite B e C, a bactéria Helicobacter pylori e o vírus Epstein-Barr. Estudos indicam que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas, e essa porcentagem pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial estejam infectados pelo vírus.
A maioria dessas infecções é combatida espontaneamente pelo sistema imunológico, regredindo em um período de seis meses a dois anos após a exposição, especialmente entre as mulheres mais jovens. No entanto, o HPV é um dos agentes infecciosos mais associados ao câncer, sendo responsável pelo câncer de colo de útero, vulva, vagina, pênis, ânus e garganta. A transmissão ocorre por meio do contato da pele com a pele, mucosa com mucosa e pele com mucosa.
A vacina contra o HPV deve ser aplicada em meninos e meninas de 9 a 14 anos, em duas doses com intervalo de seis meses entre elas. A vacina protege contra os vírus dos sorotipos 6, 11, 16 e 18, sendo os dois últimos os principais causadores de câncer. A vacinação antes da exposição ao vírus é a melhor maneira de evitar a infecção, e a resposta imunológica é melhor nos jovens.
Países como a Austrália, que iniciaram a vacinação contra o HPV antes do Brasil, já têm evidências de que houve redução na incidência de verrugas, lesões precursoras e câncer. Portanto, é crucial que o Brasil invista na ampliação da cobertura vacinal, a fim de proteger crianças e adolescentes contra o HPV.
O câncer cervical, associado ao HPV em mais de 80% dos casos, é uma das principais causas de morte entre as mulheres. A detecção precoce é fundamental para aumentar as chances de cura e reduzir a necessidade de cirurgias mutiladoras. O rápido diagnóstico também evita sequelas e melhora a qualidade de vida do paciente.
Não há tratamento específico para eliminar o vírus HPV, mas é possível tratar os sintomas para evitar a evolução para câncer. O tratamento concentra-se em combater as verrugas, por meio de métodos como laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que fortalecem o sistema imunológico. É importante procurar especialistas, como ginecologistas, urologistas ou proctologistas, para fazer o tratamento adequado.
Em resumo, a vacinação contra o HPV é essencial para proteger crianças e adolescentes contra os tipos mais perigosos do vírus, que estão associados ao desenvolvimento de câncer. É fundamental que o Brasil aumente a cobertura vacinal e conscientize a população sobre a importância dessa imunização. A prevenção é a melhor forma de combater o HPV e suas consequências graves.
*Com informações da Agência Brasil