Reajustes nos planos de saúde coletivos são quase duas vezes maiores que nos individuais, revela pesquisa
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) aponta que, nos últimos cinco anos, os reajustes nos planos de saúde coletivos foram quase duas vezes maiores que nos planos individuais. Essa informação revela uma discrepância significativa e preocupante no setor de saúde suplementar.
Planos coletivos têm reajustes médios mais altos
De acordo com o estudo, quase todas as categorias de planos coletivos tiveram reajustes médios consistentemente superiores aos planos individuais. Enquanto os planos individuais contratados em 2017 para a faixa etária de 39 a 44 anos tiveram um aumento médio de R$ 522,55 para R$ 707,59 em 2022, os planos coletivos empresariais contratados para grupos com até 29 pessoas (micro e pequenas empresas) tiveram um aumento de R$ 539,83 para R$ 984,44 no mesmo período.
Anteriormente, em 2017, apenas os planos por adesão eram mais em conta que os individuais, com um preço inicial de R$ 485,03. No entanto, ao longo do tempo, eles se mostraram “um mau negócio”, de acordo com o IDEC. Em 2022, as mensalidades médias dos contratos de até 29 pessoas passaram a custar R$ 845,53, e as dos contratos maiores, R$ 813,29.
Enquanto as mensalidades dos planos individuais tiveram um aumento de 35,41% no período, os planos coletivos apresentaram valores bem mais elevados: os coletivos empresariais (com 30 vidas ou mais) aumentaram 58,94%, os coletivos por adesão (com 30 vidas ou mais) aumentaram 67,68%, os coletivos por adesão (com até 29 vidas) aumentaram 74,33%, e os coletivos empresariais (com até 29 vidas) aumentaram 82,36%.
Aumentos desregulados afetam consumidores de planos de saúde
O IDEC alerta que esses aumentos têm sido desregulados e sem controle, impactando a vida da maioria dos consumidores de planos de saúde, uma vez que cerca de 80% deles são coletivos. Diante disso, o IDEC lançou a campanha “Chega de Aumento” para conscientizar sobre essa questão.
A coordenadora do programa de saúde do IDEC, Ana Carolina Navarrete, destaca a importância da pesquisa: “Essa pesquisa é muito importante para mostrar como os planos coletivos acabam se tornando armadilha para grande parcela dos consumidores do país, que acreditam estar escolhendo a melhor alternativa quando contratam um plano de saúde. Com grande disponibilidade, ao contrário da oferta cada vez mais reduzida dos planos individuais, os coletivos dominam o mercado e acabam se tornando uma bomba-relógio que, ao longo do tempo, vai aumentando a chance de explodir”.
Medidas necessárias para controlar os reajustes
O IDEC defende que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) precisa criar limites para esses reajustes nos planos coletivos. Além disso, sugere que a ANS padronize as cláusulas de reajuste em todos os contratos coletivos, estabeleça um parâmetro de razoabilidade para os aumentos de preços dos planos coletivos com mais de 30 vidas, proíba o cancelamento unilateral por parte das empresas e contribua para a venda direta de planos coletivos aos consumidores finais, sem a intermediação das administradoras de benefícios.
A ANS, procurada pela Agência Brasil, informou que “regula e monitora os reajustes aplicados pelas operadoras a todos os tipos de planos” e que “as regras de definição e de aplicação dos percentuais é que variam de acordo com o tipo de contratação do plano e com o tamanho das carteiras”. A agência também afirmou que está estudando mudanças nas regras de reajuste de planos coletivos para promover mais transparência e previsibilidade.
Acompanhamento dos reajustes
A ANS disponibiliza um painel dinâmico “Reajuste de Planos Coletivos” para que a sociedade possa acompanhar os reajustes aplicados pelos planos de saúde. Através dessa ferramenta, os consumidores podem verificar e comparar os índices aplicados pelas operadoras, promovendo maior transparência no setor.
*Com informações da Agência Brasil