Menor cobertura vacinal dos últimos 20 anos preocupa especialistas
Após uma análise detalhada dos dados de vacinação no Brasil, o Observatório da Atenção Primária à Saúde, uma associação sem fins lucrativos, concluiu que o país atingiu a menor cobertura vacinal em 2021 em um período de 20 anos. A média nacional ficou em 52,1%, o que preocupa a entidade, já que o país sempre foi uma referência mundial em cobertura vacinal devido ao Programa Nacional de Imunização (PNI).
A Umane, associação que tem sede no Brasil e apoia projetos sociais para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros por meio de um sistema público de saúde mais eficiente, atua em parceria com diversos setores da saúde e da sociedade civil.
De acordo com o observatório, a média nacional de cobertura vacinal se manteve acima de 70% entre 2001 e 2015, mas diminuiu para 59,9% em 2016 e vem caindo desde então, chegando aos 52,1% em 2021. Os estados com menor cobertura vacinal que a média nacional chegam a 59,25%, sendo Roraima o estado com a menor abrangência, com apenas 29,9%. Já Tocantins registra a maior taxa, com 61,9%. Na Região Norte, quatro dos sete estados têm cobertura vacinal na faixa dos 30%.
Para a superintendente-geral da Umane, Thais Junqueira, esses números demonstram a necessidade de uma diretriz clara e uma coordenação nacional em relação à imunização, enfatizando a importância dos diferentes tipos de vacinas, do engajamento da população e da orientação técnica em nível estadual e municipal. Thais ressaltou a importância da comunicação nacional e do envolvimento da população, destacando o papel chave que o Ministério da Saúde deve desempenhar nessa mobilização.
Segundo Thais, a retomada das ações de conscientização e divulgação da importância da vacinação pelo Ministério da Saúde, com o apoio do Legislativo, é um sinal importante. Ela destacou que nos últimos anos, durante a pandemia, houve uma queda preocupante no engajamento da população em relação à vacinação.
Além disso, a coordenadora reforçou a importância do acesso à saúde, apontando que problemas de registro e falta de cadastros consistentes interferem nessa questão. Ela defendeu a necessidade de fortalecer a atenção primária para melhorar o acesso à saúde, levando os serviços de saúde até as casas das pessoas e das comunidades, com a atuação dos agentes comunitários de saúde.
Para a coordenadora da Assessoria Clínica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz, Maria de Lourdes Sousa Maia, a baixa cobertura vacinal não tem uma única causa. Ela apontou que a sociedade passa por momentos diferentes que afetam a adesão à vacinação e que a ausência de doenças, devido às altas coberturas vacinais, pode fazer com que as pessoas deixem de se preocupar. Além disso, a disseminação de notícias falsas e a descrença na eficácia da vacina por parte de profissionais de saúde também contribuem para essa queda na cobertura vacinal.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde informou que ampliar as coberturas vacinais é uma prioridade da nova gestão da pasta. Ações estão sendo realizadas para reforçar o Sistema Único de Saúde (SUS), restabelecer a confiança nas vacinas e promover uma cultura de vacinação no país. O ministério destaca a importância do microplanejamento, que visa melhorar o planejamento das ações de vacinação em parceria com estados e municípios. Recursos financeiros estão sendo destinados para incentivar as iniciativas de multivacinação de crianças e adolescentes em todo o país.
Em resumo, a baixa cobertura vacinal no Brasil é um problema preocupante que requer uma coordenação nacional e esforços conjuntos para conscientizar e engajar a população na importância da vacinação. É essencial fortalecer a atenção primária e melhorar o acesso à saúde, além de combater as fake news e promover a confiança nas vacinas. A ampliação das coberturas vacinais é uma prioridade do Ministério da Saúde, que está adotando estratégias de planejamento e repassando recursos para incentivar a vacinação em todo o país.
*Com informações da Agência Brasil