Prêmio Nobel de Medicina 2023 é concedido a pesquisadores do RNA mensageiro
O Prêmio Nobel de Medicina de 2023 foi concedido aos pesquisadores Katalin Kariko, da Hungria, e Drew Weissman, dos Estados Unidos, pela descoberta da tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) que possibilitou o desenvolvimento das vacinas contra a covid-19. Essa tecnologia é considerada uma das maiores conquistas no campo da medicina, uma vez que oferece uma nova abordagem para a prevenção e tratamento de doenças infecciosas e crônicas.
As contribuições dos cientistas premiados
A conquista do Prêmio Nobel pelos cientistas reconhece as descobertas de Kariko e Weissman sobre como o mRNA interage com o sistema imunológico e permite a produção em grande escala de vacinas. Essa tecnologia não apenas foi eficaz no combate à covid-19, mas também abre portas para o desenvolvimento de vacinas mais potentes contra doenças conhecidas e previne doenças crônicas não transmissíveis, como câncer, infarto, diabetes e Alzheimer.
Segundo Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), as vacinas de mRNA são fáceis de produzir, pois não dependem de materiais biológicos e possuem a capacidade de induzir proteção contra diversas doenças. Além disso, essa tecnologia amplia as oportunidades de prevenção ao introduzir códigos genéticos específicos no organismo, estimulando a produção de proteínas necessárias para combater as doenças infecciosas.
O impacto das vacinas de mRNA
O reconhecimento do Prêmio Nobel destaca não apenas a importância da tecnologia de mRNA no combate à covid-19, mas também ressalta seu potencial para o desenvolvimento de vacinas preventivas contra outras doenças infecciosas, como leishmaniose, febre-amarela e vírus sincicial respiratório. Além disso, o mRNA também pode ser utilizado para produzir proteínas em doenças raras, o que torna os tratamentos mais acessíveis.
Patrícia Neves, líder científica do Projeto mRNA de Bio-Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirma que a tecnologia de mRNA é segura, eficaz e possui diversas aplicações. Ela ressalta que, mesmo após a pandemia, a tecnologia continuará sendo desenvolvida para o tratamento de outras doenças infecciosas e sua utilização em outras áreas da medicina.
O desenvolvimento de uma vacina brasileira
Além das pesquisas com a tecnologia de mRNA, cientistas brasileiros estão trabalhando no desenvolvimento da primeira vacina totalmente nacional contra a covid-19. Patrícia Neves e Ana Paula Ano Bom lideram o projeto de Bio-Manguinhos, que visa criar uma vacina com tecnologia brasileira para disponibilizar a toda a população através do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto já passou por diversos testes em animais e está seguindo as etapas necessárias para comprovar sua eficácia e obter a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A previsão é de que a vacina brasileira esteja disponível em 2025, após a conclusão dos estudos clínicos. A expectativa é de que essa vacina, assim como as desenvolvidas com a tecnologia de mRNA, revolucione o campo da vacinologia e abra novas possibilidades no tratamento de diversas doenças.
Gustavo Mendes, diretor do Instituto Butantan, enfatiza que a tecnologia de mRNA revolucionou o campo das vacinas, estimulando os sistemas imunológicos de forma mais precisa e sem a necessidade de outros componentes, como vírus. O Instituto Butantan também está desenvolvendo estudos com essa tecnologia, em parceria com o Ministério da Saúde.
Em resumo, a conquista do Prêmio Nobel pelos pesquisadores do mRNA destaca a importância dessa tecnologia para a medicina, tanto na prevenção de doenças infecciosas quanto no tratamento de doenças crônicas. Além disso, o reconhecimento impulsiona ainda mais as pesquisas e desenvolvimentos relacionados ao mRNA, abrindo caminho para futuras descobertas e avanços na área da saúde.
*Com informações da Agência Brasil