Visibilidade e Luta pelo Direito à Saúde: O Processo de Adoecimento das Mulheres com Câncer de Mama
A antropóloga Waleska de Araújo Aureliano, professora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em suas pesquisas de 20 anos sobre o processo de adoecimento das mulheres com câncer de mama, revela importantes achados relacionados à visibilidade, à luta pelo acesso à saúde de qualidade e à decisão de reconstruir ou não o seio após a mastectomia.
Passados mais de 40 anos, a maneira como a sociedade enxerga a doença tem mudado consideravelmente. A doença, que um dia foi encarada como uma sentença de morte, agora é compreendida como uma doença crônica. Os profissionais de saúde passaram a ter um diálogo mais aberto e transparente com as pacientes, abandonando a perspectiva fatalista que predominou por muito tempo.
O Papel do Acesso Adequado à Saúde
Na busca pela conscientização e sensibilização sobre o câncer de mama, é essencial destacar a importância do acesso adequado à saúde. Não adianta falar em cuidado individual sem oferecer as condições ideais para que todas as mulheres possam usufruir desse direito de forma adequada. O acesso a diagnóstico e tratamento eficientes é fundamental para a efetividade das ações em prol da prevenção e do combate ao câncer de mama.
O Impacto das Mídias Sociais e da Internet
Uma das grandes responsáveis por proporcionar maior visibilidade ao câncer de mama é a internet, com suas mídias sociais. Essa maior visibilidade afeta a maneira como as mulheres lidam com o diagnóstico, oferecendo a elas a esperança de cura e qualidade de vida por muitas décadas. A perspectiva de cura traz uma nova imagem sobre si mesmas e permite que elas falem abertamente sobre o assunto, independentemente de terem passado por uma reconstrução mamária ou não.
O Empoderamento e as Transformações
Atualmente, Waleska estuda as obras fotográficas e textos autobiográficos de mulheres que enfrentaram o diagnóstico de câncer de mama. Para ela, esses registros marcam a transição da mulher como vítima para o empoderamento, onde essas mulheres passam a ter consciência das mudanças provocadas pelo diagnóstico e pelo tratamento, eliminando a vergonha de expor seu corpo ou falar sobre a doença.
É importante ressaltar que as transformações não são iguais para todas as mulheres. Existe uma diversidade muito grande de experiências, influenciadas por fatores sociais, culturais, acesso à saúde, histórico pessoal, relacionamentos e inserção no mundo do trabalho. Essa pluralidade também revela que, em alguns casos, há uma pressão para que as mulheres sejam vistas como mulheres mesmo após o câncer, como se fosse necessário atender a padrões de representação do corpo feminino.
*Com informações da Agência Brasil