A idealização da pessoa amada pode trazer o risco de nunca se sentir satisfeito em uma relação. Após a divulgação das características ideais da mulher para o ator Cauã Reymond, a psicóloga Bárbara Couto alerta que pessoas com esse comportamento correm mais risco de ficar sozinhas.
Nesta quarta-feira, 12 de junho, Dia dos Namorados, as redes sociais repercutiram uma informação passada pelo jornalista Léo Dias, no programa Fofocalizando do SBT, no dia anterior: as características que a mulher que queira conquistar o ator Cauã Reymond, um dos mais cobiçados do país, teria que ter. Segundo o apresentador, ela tem que ser caseira igual a ele, malhar, treinar e cuidar da alimentação. “Ele não gosta de mulher aparecida, que ri alto, espalhafatosa. Dorme e acorda cedo. Esqueça de fumar e beber. Ele é totalmente naturalista e as mulheres também têm que ser”, revelou o apresentador.
Riscos em procurar as Características Ideais
É natural e comum que se faça uma lista de pré-requisitos do futuro companheiro ou companheira, chamadas características inegociáveis para dar “match”. Conforme a psicóloga Bárbara Couto, é muito importante a pessoa encontrar alguém com quem tenha compatibilidade para uma relação saudável. “É até mais fácil um relacionamento onde você divide gostos, valores, objetivos de vida e hobbies. Mas é necessário tomar cuidado em relação à idealização de um possível companheiro e passar a procurar uma pessoa que pode ser irreal”, alerta especialista.
Entre os comentários do post sobre a questão nas redes sociais do jornalista Léo Dias, estão: “Mais difícil que passar em concurso”, “Por isso que ele tá solteiro”. Segundo Bárbara, parece haver dificuldade de se entender que as pessoas são diferentes, mesmo estando em uma relação “Nós precisamos ter tolerância numa relação e, principalmente, aceitação do que o outro é. Ao idealizar parceiros e comportamentos, se cria uma imagem, entra-se em uma expectativa, que, na verdade, é irrealista. Com isso, há a decepção, já que se busca essa pessoa que, provavelmente, não vai existir. No final das contas, a pessoa pode ficar sozinha ou viver sempre insatisfeita nas relações”, esclarece a psicóloga.
O Medo de Rejeição
Além da decepção e da solidão de quem idealiza o par, sem negociar características que poderiam ser toleráveis, esse tipo de postura também causa prejuízos a quem se envolve com essa pessoa, mas não se encaixa totalmente no perfil desejado. “Há pessoas que se anulam pra se encaixar em um relacionamento, pra se encaixar no que o outro espera. Muitas sacrificam as necessidades, os desejos e até quem são, somente pra agradar o outro. O medo da rejeição e a baixa autoestima fazem com que as pessoas acreditem que só serão aceitas se se moldarem à expectativa do outro. Isso causa desgaste emocional e estresse, além de fazer a pessoa viver pisando em ovos como o companheiro e se moldando pra ser quem não é. Deixando de ser quem se é, é impossível ser feliz”, ressalta a psicóloga.
Como podemos evitar entrar em relações idealizadas?
De acordo com Bárbara, as pessoas precisam se conhecer, entender quem são, suas necessidades e desejos para não acreditarem que são insuficientes e que precisam se moldar para atender as características ideais do outro. “Ao mesmo tempo, é necessário aceitar que não tem ninguém perfeito, que os outros são quem eles são. E é possível ser imperfeito e ter relações saudáveis e satisfatórias”, explica ela.
Além disso, Bárbara ressalta a importância da comunicação na relação.
É importante que o casal tenha uma comunicação aberta e honesta sobre essas expectativas, alinhar as visões e objetivos. Mas dialogar sem diminuir o outro, sem fazer com que o outro se sinta insuficiente porque está fora do que foi idealizado. E o que não atende ao ideal precisa entender que pode ser amado por ser quem ele é, que não precisa se encaixar em molde idealizado por outros. Até porque quem faz idealizações de parceiros também precisa se conhecer para aprender a respeitar mais o outro e a entender que as pessoas todas têm o seu valor.
Finaliza Bárbara Couto
Sobre a psicóloga Bárbara Couto
Bárbara Couto é Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário de Brasília (UNICEUB) e tem Mestrado em Psicologia Clínica e Saúde pela – Universidad Europea del Atlantico (UNIAtlântico), da Espanha. Ela também tem Especializações em Terapia Cognitivo Comportamental e Neurociências e em Comportamento, ambas pela PUC-RS e em Neuropsicologia Clínica, pela Capacitar. Bárbara Couto escrevei dois livros, editados pela Drago Editorial, em versões impressa e e-book. O primeiro “Permita-se”, sobre relacionamentos abusivos e libertação emocional. E o segundo “Aceita-se”, sobre tabus e necessidade da autoaceitação para sobreviver em uma sociedade que tem dificuldade em aceitar.