Jovens com HIV aprovam acolhimento em serviços de saúde, revela pesquisa do Unicef
Mais de 50% dos jovens que vivem com HIV no Brasil aprovam o acolhimento recebido em serviços de saúde, revela pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Os dados do levantamento foram divulgados em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids. A data foi instituída em 1988 pela Assembleia Geral da ONU.
A pesquisa, intitulada “Nós somos a resposta: O que adolescentes e jovens que vivem com HIV/aids pensam sobre o acesso aos serviços de saúde no Brasil”, apontou que 64% dos respondentes avaliaram positivamente o acolhimento recebido, mas 35,7% classificaram-no como razoável ou ruim.
Dificuldades de acesso aos serviços de saúde
Cerca de 20% dos entrevistados vivenciaram situações de desrespeito, privacidade invadida, desconforto durante o atendimento ou sentimento de culpa ou vergonha por serem portadores de HIV. Além disso, 13% tiveram seus diagnósticos revelados sem consentimento pela equipe de saúde e 20% foram orientados a não ter relações sexuais, o que fere a legislação federal.
Outras questões levantadas incluem o deslocamento até o serviço de saúde, com 21% levando mais de uma hora para chegar, o que impacta na adesão ao tratamento.
Importância do tratamento adequado
O tratamento adequado é fundamental para interromper o ciclo de transmissão do vírus, pois, quando a carga viral no sangue é reduzida a níveis indetectáveis, a transmissão do HIV é evitada. No entanto, apesar dos avanços no conhecimento científico e no uso de antirretrovirais, o Brasil ainda apresenta altas taxas de novas infecções por HIV, com 44,1% das notificações em 2021 envolvendo pacientes entre 15 e 29 anos.
Desafios enfrentados
A pesquisa destacou que o estigma em relação à doença é a maior barreira para uma acolhida adequada e humanizada. Além disso, a escassez de informações e a falta de clareza na comunicação sobre o tratamento são desafios enfrentados pelos jovens portadores de HIV.
Apesar das dificuldades mencionadas, também foram colhidos relatos de profissionais de saúde que atuaram de forma acolhedora e inclusiva.
Recomendações da OMS
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é fundamental garantir que 95% das pessoas que vivem com o vírus sejam diagnosticadas, tenham acesso ao tratamento e consigam reduzir a carga viral a níveis indetectáveis. A pesquisa revelou que 89,4% dos respondentes realizaram o teste de carga viral com sucesso nos últimos 12 meses.
Conclusão
Os dados obtidos pela pesquisa são cruciais para guiar políticas públicas e outras ações capazes de transformar unidades de saúde em espaços acolhedores para adolescentes e jovens. Além disso, é fundamental conscientizá-los sobre seus direitos em relação aos serviços de saúde, garantindo um atendimento universal, humanizado e de qualidade.
*Com informações da Agência Brasil