Se tu, Soberano Senhor, registrasses os pecados, quem escaparia? Mas contigo está o perdão para que sejas temido.
Salmo 130:3-4
Reflexão: O Paradoxo do Perdão que Gera Reverência
No nosso mundo digital, tudo deixa um rastro. E-mails antigos, posts em redes sociais, o histórico de crédito… Um erro do passado pode ser trazido à tona a qualquer momento. Vivemos com a ansiedade de um registro permanente. Agora, imagine por um instante se Deus operasse da mesma forma. Se cada palavra impensada, cada ato egoísta, cada pensamento impuro fosse meticulosamente registrado em uma planilha celestial.
O salmista nos convida a fazer essa reflexão aterrorizante: “Se tu, Soberano Senhor, registrasses os pecados, quem escaparia?”. A resposta honesta é: ninguém. Absolutamente ninguém. Se a salvação dependesse de uma ficha limpa, estaríamos todos condenados. Nossa própria consciência nos acusa, quanto mais o Deus perfeitamente santo.
Mas, quando o desespero dessa verdade nos atinge, o salmista vira o jogo com uma das palavras mais lindas da Bíblia: “Mas…”. “Mas contigo está o perdão”. Este “mas” é o coração do Evangelho. Ele muda nosso destino de condenação certa para uma esperança gloriosa. O perdão não é algo que Deus precisa ser convencido a nos dar; é algo que reside nEle, faz parte de quem Ele é. Ele não apenas perdoa; Ele é o Deus do perdão.
A prova máxima disso é que Ele deu o primeiro passo. Por amor, Ele não esperou que nos tornássemos bons o suficiente. Ele enviou Jesus ao mundo para pagar a dívida que era nossa. Na cruz, o registro de nossos pecados foi pregado e cancelado. Em Cristo, a mão de Deus não está estendida para nos acusar, mas para nos oferecer perdão e restauração.
E qual o propósito de tudo isso? O versículo termina de forma surpreendente: “…para que sejas temido.” À primeira vista, parece estranho. O perdão deveria gerar medo? A palavra “temor” aqui não significa pavor de um tirano. Significa uma reverência profunda, uma admiração estupefata, um respeito maravilhado.
É o temor de um filho que, merecendo um castigo severo, recebe um abraço de seu pai. Esse filho não passa a desrespeitar o pai; pelo contrário, ele passa a amá-lo com uma lealdade e uma gratidão tão profundas que seu maior “medo” se torna o de decepcionar um amor tão grande. O perdão de Deus não nos torna levianos com o pecado; ele nos torna reverentes ao Salvador.
Ao olhar para as falhas do seu dia, não se esconda com medo do registro de Deus. Lembre-se que, em Cristo, esse registro foi rasgado. Em vez disso, aproxime-se com um coração grato e reverente, maravilhado com o Deus que, mesmo conhecendo cada falha sua, escolheu te amar e te perdoar.
Sugestão de Música:
A canção “Nada Além do Sangue” na voz de Fernandinho é um hino poderoso que foca na base do nosso perdão: o sacrifício de Jesus. A letra “O Teu sangue me lava, o Teu sangue me traz vida… me faz alvo como a neve” é uma declaração da obra de Cristo que nos limpa e nos permite experimentar o perdão de Deus.