Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja zeloso e arrependa-se. Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.
Apocalipse 3:19-20
Reflexão: O Chamado para Sair da Mornidão Espiritual
Lembre-se da primeira vez que você acendeu uma fogueira. As chamas dançavam altas e vibrantes, emitindo luz e um calor que aquecia a todos ao redor. Agora, imagine essa mesma fogueira horas depois. As chamas se foram. O que resta é um monte de brasas, ainda acesas, mas emitindo um calor fraco, quase imperceptível. Elas não estão apagadas, mas também não estão cumprindo seu propósito de aquecer e iluminar.
Esta é a imagem perfeita da mornidão espiritual. Não é a escuridão da incredulidade, mas a penumbra de uma fé que perdeu sua paixão. E é a essa condição, a mais perigosa por sua sutileza, que Jesus se dirige com Suas palavras mais duras na Bíblia, na carta à igreja de Laodiceia.
A igreja de Laodiceia se sentia autossuficiente. “Sou rico, adquiri riquezas e de nada tenho falta”, diziam eles. Eram uma igreja próspera, provavelmente com muitas atividades e uma boa reputação. Mas, aos olhos de Jesus, eram “infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus”. A condição deles era tão repulsiva para o Senhor que Ele declarou: “Estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”.
A mornidão espiritual é perigosa porque ela é confortável. Ela mantém a rotina religiosa — ir à igreja, orar de vez em quando, ler a Bíblia por obrigação — mas remove a essência: a intimidade, a paixão e o compromisso radical com Cristo. É uma fé que não incomoda, não transforma e não impacta.
Mas a mesma passagem que traz o diagnóstico severo também nos oferece a cura. O amor de Jesus é tão grande que Ele diz: “Repreendo e disciplino aqueles que eu amo”. A correção dEle é um ato de amor, um chamado ao despertar. Ele não nos abandona em nossa apatia. Pelo contrário, Ele se aproxima e bate à porta do nosso coração, convidando-nos a reavivar a chama.
Vencer a mornidão espiritual não é sobre um esforço humano isolado, mas sobre responder a esse convite de Cristo. Requer de nós uma atitude intencional, que podemos resumir em quatro passos fundamentais:
- Reconhecer a Condição: O primeiro passo é a honestidade brutal. Precisamos parar de dar desculpas e admitir: “Senhor, meu coração esfriou”. Olhar para dentro e identificar a falta de prazer na oração, a indiferença com o pecado ou a ausência de fome pela Sua Palavra não é um ato de fracasso, mas de coragem para iniciar a mudança.
- Retomar a Intimidade: Jesus diz: “Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele”. A ceia é um símbolo de comunhão íntima. A cura para a mornidão é reabrir a porta do nosso coração para um relacionamento real com Ele. Isso significa separar tempo de qualidade, sem distrações, para uma conversa sincera em oração e para uma leitura meditativa da Bíblia, buscando ouvir Sua voz novamente.
- Viver com Propósito: A fé cresce quando é exercitada. A apatia se instala quando nossa fé se torna apenas teoria. Pergunte a si mesmo: “Como posso colocar minha fé em ação hoje?”. Servir alguém, praticar o perdão, compartilhar o Evangelho, obedecer a uma direção que Deus tem lhe dado. A obediência ativa é o oxigênio que alimenta o fogo espiritual.
- Eliminar as Distrações: Muitas vezes, o fogo se apaga porque jogamos “água” nele. O excesso de ruído do mundo – preocupações, entretenimento vazio, comparações nas redes sociais – drena nossa energia espiritual. Vencer a mornidão exige a coragem de identificar e eliminar os hábitos e as distrações que estão roubando sua paixão por Deus.
A mornidão espiritual não precisa ser o seu estado permanente. É uma condição, não uma sentença. Jesus está à porta do seu coração hoje, não com uma acusação, mas com um convite para cear. Abra a porta.
Plano de 7 Dias para Reacender a Vida Espiritual
Este plano é um convite para, ao longo de uma semana, cultivar hábitos que reacendem a paixão pela fé.
- Dia 1 – Reconhecimento e Arrependimento:
- Reserve um momento de silêncio para refletir sobre o estado atual da sua vida espiritual. Ore com sinceridade, reconhecendo áreas de apatia e pedindo perdão. Leia e medite em Apocalipse 3:15-20.
- Dia 2 – Reacendendo a Oração:
- Separe pelo menos 15 minutos para uma conversa honesta com Deus, como quem fala com um amigo íntimo. Inclua momentos de silêncio para ouvir.
- Dia 3 – Mergulho na Palavra:
- Escolha um capítulo bíblico e leia devagar, anotando o que mais chama atenção. Pergunte-se: “O que isso revela sobre Deus? O que isso me pede para mudar?”. Memorize um versículo.
- Dia 4 – Adoração Intencional:
- Ouça músicas que despertem gratidão e reverência. Cante ou declare palavras de louvor. Lembre-se de que adorar é reconhecer quem Deus é em cada detalhe.
- Dia 5 – Serviço e Generosidade:
- Escolha uma ação prática para abençoar alguém: uma ajuda, uma palavra de encorajamento, um gesto de cuidado. Faça-o como uma expressão de amor, sem esperar retorno.
- Dia 6 – Jejum e Foco:
- Dedique parte do dia para jejuar de algo que rouba sua atenção (comida, redes sociais, etc.). Use o tempo liberado para oração e leitura bíblica.
- Dia 7 – Renovação de Propósito:
- Releia suas anotações da semana. Ore pedindo direção para manter o fogo aceso e escreva um compromisso pessoal para continuar cultivando esses hábitos.
Sugestão de Música:
A canção “Atos 2 (Eu Navegarei)”, na voz de Gabriela Rocha, é um clamor por um novo avivamento, um sopro do Espírito que tira a igreja da estagnação. A letra “O som de um grande vento, um novo avivamento” expressa o desejo de sair da mornidão e mergulhar novamente em uma fé vibrante e poderosa, como a da igreja primitiva.