Portanto, não permitam que o pecado continue dominando o corpo mortal de vocês, fazendo que obedeçam aos seus desejos. Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça. Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da Lei, mas debaixo da graça.”
Romanos 6:12-14
Você já se pegou reagindo no “piloto automático”? Uma crítica vem e, sem pensar, você já está na defensiva. Uma tentação surge e a mente já começa a negociar. Uma situação foge do seu controle e a ansiedade dispara. Essas reações, que parecem tão “nossas”, são o campo de batalha diário da vida cristã.
Quando pensamos em “lutar contra o pecado”, nossa mente geralmente vai para os grandes pecados, aqueles que estão na lista dos mais óbvios. E, pela graça de Deus, já morremos para muitas dessas práticas. Mas a batalha diária do cristão é muito mais sutil. É uma guerra travada em duas frentes: contra os desejos da nossa carne e contra as fortalezas de nossa alma.
A nossa natureza humana, herdada desde a queda, nos inclina para o que é contrário a Deus. São os “desejos da carne”: o orgulho, a impaciência, a cobiça, a preguiça espiritual. Eles borbulham de dentro para fora, tentando nos dominar. Além disso, as feridas e traumas da vida podem criar padrões de comportamento — como o medo de confiar, a necessidade de controle ou a amargura — que se tornam verdadeiros tiranos em nosso coração.
É para essa batalha completa que Paulo escreve. A ordem é clara: “Não permitam que o pecado continue dominando…”. O pecado, seja ele um desejo carnal ou uma reação baseada no medo, não pode ser o rei do nosso corpo. A escolha é nossa. A cada momento, temos a chance de decidir a quem vamos servir. Podemos oferecer nossa mente à impureza ou à ansiedade, ou podemos oferecê-la a Deus em santidade e confiança.
A questão é: como fazer isso, na prática? Como vencemos esses desejos e quebramos esses padrões? A resposta não é simplesmente “tentar mais”. A resposta é se envolver com o Comandante da batalha. Para controlar os desejos e curar as feridas, precisamos nos fortalecer no Senhor, e isso acontece por meio de disciplinas diárias:
- Através da Palavra: Quando mergulhamos na Bíblia, nossa mente é renovada, os desejos da carne perdem força e as mentiras que os traumas nos contaram são substituídas pela verdade de Deus.
- Através da Oração: Na oração, confessamos nossa fraqueza, entregamos nossas lutas e recebemos o poder e a graça de Deus para vencer. É a nossa linha de comunicação direta com o quartel-general do céu.
- Através do Congregar: Ao estarmos em comunhão com nossos irmãos na fé, recebemos encorajamento, prestamos contas e lembramos que não estamos lutando sozinhos.
É assim que nos “oferecemos a Deus”. E a promessa que nos sustenta é a do versículo 14: “Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da Lei, mas debaixo da graça.” A graça é o poder de Deus que nos capacita a fazer o que não conseguiríamos sozinhos. Ela nos perdoa quando caímos e nos fortalece para não cairmos novamente.
“Morrer um pouco a cada dia” é isso. É identificar o desejo da carne e escolher a santidade. É reconhecer o medo e escolher a fé. É um processo contínuo de rendição, fortalecido pela Palavra, pela oração e pela comunhão. A liberdade que Cristo conquistou é para ser vivida não apenas na eternidade, mas aqui e agora, um dia de cada vez.
Sugestão de Música:
A canção “Que Ele Cresça” de Deigma Marques é um hino que captura perfeitamente o espírito desta reflexão. A letra “Que eu diminua, que Ele cresça” é a essência do morrer para si mesmo, seja para os desejos da carne ou para os medos da alma, a fim de que a vida e o senhorio de Cristo se manifestem em nós.