Se a gente olhar com atenção para as conversas de Jesus no livro de João, vamos notar um padrão fascinante. Ele sempre encontra pessoas com uma necessidade profunda e se revela como a única solução real para ela.
Pense na história da mulher samaritana em João 4. Ela foi até um poço buscar água no meio do dia, provavelmente para evitar os olhares e comentários dos outros. Ela tinha uma sede física, mas por trás disso, havia uma sede muito maior na alma. Todos nós temos essa necessidade. Sem água, o corpo desidrata, perde as forças, a imunidade cai. A alma funciona do mesmo jeito. E quem estava ali, bem na fonte, oferecendo uma “água viva” que sacia para sempre? Jesus.
Um pouco depois, em João 5, encontramos um homem doente há 38 anos, deitado ao lado de um tanque. A crença era que o primeiro a entrar na água após um anjo agitá-la seria curado. O problema? Ele precisava de ajuda. Jesus chega com uma pergunta direta, na lata: “Você quer ser curado?”. A resposta dele é surpreendente. Em vez de um simples “sim”, ele dá uma desculpa, dizendo que não tinha ninguém para ajudá-lo a entrar no tanque. Ele colocou toda a sua confiança e a responsabilidade pela sua cura na ajuda de outras pessoas, que, como nós, podem falhar.
Percebe o padrão aqui? Em cada uma dessas cenas, e até mesmo na conversa com o intelectual Nicodemos em João 3, Jesus estava presente, oferecendo uma solução sobrenatural. O problema é que, muitas vezes, estamos tão focados na nossa sede, na nossa doença ou nas nossas dúvidas que não O percebemos ali, bem ao nosso lado. Confiamos nas nossas próprias respostas, ou nas respostas dos outros, e elas são sempre insuficientes.
E essa ideia chega ao seu ponto máximo no capítulo 6. Uma multidão segue Jesus, e a fome, desta vez, é literal. Eles precisam de pão. Felipe, um dos discípulos, faz as contas e vê que é impossível. André encontra um garoto com cinco pães e dois peixes – quase nada para tanta gente. Mas aquele pouco, nas mãos de Jesus, alimentou milhares.
Após o milagre, a multidão queria mais pão. Eles estavam focados na solução temporária para um problema físico. É nesse momento que Jesus faz uma das declarações mais poderosas de toda a Bíblia, no texto base de João 6:32-35:
“Jesus lhes disse: ‘Na verdade, na verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.’ Disseram-lhe, pois: ‘Senhor, dá-nos sempre desse pão.’ E Jesus lhes disse: ‘Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.'”1
Jesus muda o foco. Ele não se apresenta como alguém que tem o pão, mas como o próprio Pão da Vida. Ele não oferece um lanche rápido que alivia a fome por uma hora. Ele se oferece como o alimento que sustenta de verdade, que preenche o vazio da alma, que fortalece o espírito e que sacia para sempre.
A pergunta de Jesus para o homem no tanque ecoa para nós hoje: “Você quer ser curado?”. Onde você tem buscado saciar sua fome e sua sede? No trabalho, em relacionamentos, em entretenimento, na ajuda de outras pessoas? Tudo isso pode falhar. Mas Jesus, o Pão da Vida, nunca falha. Ele está presente, agora, se oferecendo para ser a sua força, a sua cura e a sua satisfação completa.
Sugestão de Música:
A música “Nossa Canção” do grupo Preto no Branco, com a participação de Gabriela Rocha, fala diretamente a essa sede e fome da alma que só Jesus pode preencher, conectando perfeitamente com a mensagem da reflexão.