Governo intensifica repressão contra cristãos na Nicáragua

Polyanna Elias - Redatora na NT Gospel
4 min de leitura
Cristãos na Nicarágua enfrentam intensa repressão sob o governo de Daniel Ortega, com igrejas fechadas e líderes perseguidos. Foto: Wikimedia Commons/Consejo de Comunicación y Ciudadanía del Gobierno de Nicaragua

O regime autoritário de Daniel Ortega continua a reprimir organizações cristãs na Nicáragua, fechando mais 15 instituições religiosas sob a alegação de “não cumprirem suas obrigações”. Segundo a Missão Portas Abertas, essas medidas fazem parte de uma escalada de perseguição contra entidades cristãs que denunciam as constantes violações dos direitos humanos no país.

Entre as organizações afetadas está a Save the Children, uma ONG internacional que operava na Nicáragua desde 1986, promovendo a educação, a saúde, a nutrição, a proteção infantil e a defesa dos direitos das crianças. Com a sua dissolução forçada pelo governo, milhares de crianças e famílias vulneráveis foram prejudicadas.

A ação recente é parte de uma ampla campanha de Ortega para reprimir instituições cristãs e outras ONGs que expõem os abusos do regime. Somente em 2024, aproximadamente 1.700 organizações foram fechadas, sendo 678 delas cristãs. Desde 2018, mais de 5.400 ONGs tiveram suas atividades encerradas pela ditadura nicaraguense, incluindo diversas instituições evangélicas.

Igrejas fechadas e líderes perseguidos

A Nicáragua atravessa uma crise política e social, intensificada após as controversas eleições de novembro de 2021, que garantiram a reeleição de Daniel Ortega para um quinto mandato. Desde então, a repressão contra a comunidade cristã tem se tornado mais severa.

Conforme a organização de direitos humanos Nicáragua Nunca Más, mais de 256 igrejas evangélicas foram fechadas pelo governo nos últimos quatro anos. Cerca de 200 líderes religiosos fugiram do país para evitar a perseguição. Pelo menos 65 pastores foram formalmente indiciados por acusações de conspiração e outros crimes politicamente motivados, enquanto 20 tiveram sua cidadania revogada.

John Britton Hancock, diretor do ministério Mountain Gateway, relatou que cerca de 100 pastores estão presos na Nicáragua neste momento, vítimas da repressão religiosa. Os cristãos evangélicos são alvos de restrições e vigilância constante, sendo impedidos de exercer livremente sua . Diante desse cenário, muitos fiéis passaram a se reunir em cultos clandestinos dentro de suas próprias casas, tentando evitar a repressão estatal.

A Nicáragua ocupa a 30ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas, um ranking que avalia os países onde os cristãos sofrem mais perseguição. Segundo a entidade, “a hostilidade contra os cristãos na Nicáragua continua a se intensificar, com aqueles que se manifestam contra o presidente Ortega e seu governo sendo vistos como ameaças ao regime”.

Crescente repressão religiosa

A repressão contra os cristãos na Nicáragua não se limita ao fechamento de igrejas e organizações. O governo também tem restringido a transmissão de conteúdo religioso em emissoras de rádio e televisão, além de censurar discursos de líderes cristãos que denunciam as injustiças e perseguições.

Nos últimos anos, vários sacerdotes e pastores foram presos por criticar publicamente o regime. Em alguns casos, igrejas foram invadidas por forças de segurança durante os cultos, e fiéis foram interrogados ou agredidos. A estratégia do governo parece ser a de eliminar qualquer voz dissidente, inclusive dentro das instituições religiosas.

Segundo a Portas Abertas, apesar da repressão, a comunidade cristã continua firme em sua fé e resistência. Diversas organizações internacionais e instituições religiosas ao redor do mundo têm denunciado a escalada da perseguição na Nicáragua e pressionado governos estrangeiros a tomarem medidas contra Ortega e seu regime.

A situação dos cristãos na Nicáragua segue crítica, mas a fé dos fiéis permanece inabalável, mesmo diante da repressão estatal. “Não importa quantas igrejas fechem, a verdadeira Igreja continua viva no coração dos crentes”, declarou um líder evangélico nicaraguense, que preferiu manter o anonimato por questões de segurança.

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