Transtorno do estresse pós-traumático (Tept) persiste em vítimas de estupro
Um estudo realizado pelo Programa de Pesquisa e Atenção à Violência e ao Estresse Pós-traumático (Prove), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revelou que mulheres vítimas de estupro e que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático (Tept) continuam tendo uma resposta ao estresse, mesmo após apresentarem melhora nos sintomas de depressão e ansiedade.
Impacto biológico após tratamento
Um ano após o início do tratamento, os pesquisadores avaliaram os níveis de cortisol, hormônio que regula o estresse, e das citocinas inflamatórias, que conduzem a resposta inflamatória no organismo. Eles observaram uma alteração significativa, mostrando que o cortisol continuava alto, indicando uma reação ao estresse persistente. Além disso, as citocinas inflamatórias também estavam elevadas, corroborando a hipótese de que o trauma sexual tem um impacto biológico duradouro.
Consequências para a saúde
Essas alterações estão associadas a doenças do sistema imunológico e do estresse. O aumento crônico do cortisol pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças como diabetes, doenças cardíacas e doenças autoimunes. Portanto, a persistência desse impacto biológico pode ter consequências negativas tanto para a saúde mental quanto para a saúde física das vítimas.
Estatísticas preocupantes
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a cada 8 minutos, uma menina ou mulher foi estuprada no Brasil no primeiro semestre do ano. Isso representa um aumento de 14,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, com um total de 34 mil casos registrados. É importante ressaltar que esses números podem ser ainda maiores devido à subnotificação de casos de violência sexual.
Pesquisas futuras
Os resultados desse estudo ressaltam a necessidade de pesquisas adicionais para compreender o impacto contínuo do estresse pós-traumático no organismo das vítimas de estupro. Compreender como esse sistema biológico hiperativado pode causar danos ao longo do tempo é crucial para o desenvolvimento de intervenções mais eficazes.
Diante disso, é fundamental que a sociedade em geral e os órgãos competentes estejam atentos a essas questões, a fim de garantir o suporte apropriado para as vítimas de estupro e para prevenir o aumento desse tipo de violência.
*Com informações da Agência Brasil